Crítica | Carcereiros – O Filme é ação do início ao fim

Carcereiros – O Filme é uma adaptação da série de TV produzida pela Globo Play. A proposta desta versão cinematográfica é narrar uma história curta, que funcione tanto para os fãs da atração quanto para quem não a conhece.

Espécie de Operação – Invasão brasileiro, o longa-metragem dirigido por José Eduardo Belmonte (Alemão) aposta em um ritmo frenético e ação quase ininterrupta, numa trama que se desenrola no período de uma única noite.

Escrito por Marçal Aquino, Fernando Bonassi, Dennison Ramalho e Marcelo Starobinas, o roteiro acompanha Adriano (Rodrigo Lombardi), um carcereiro acostumado a caminhar pela linha tênue que separa as grades do presídio e a violência dos prisioneiros.

Adriano procura sempre resolver os conflitos por meio do diálogo, tratando os presos com respeito e dignidade. Além disso, ele respeita as “leis” que regem o interior da prisão, local que ele próprio compara ao microcosmo de um país, com governos distintos e diferença de classes.

A própria arquitetura do espaço serve para reforçar tal ideia. Existem aqueles que ficam no topo e aqueles que ficam embaixo. As brigas entre as diferentes facções não afetam os “gravatas”, indiferentes a quem se encontra no poder.

Mesmo em meio à aparente tranquilidade, Adriano sempre transita com cuidado, como se carregasse uma dinamite em mãos. O pavio é aceso com a chegada de Abdel Mussa (Kaysar Dadour), um terrorista internacional que precisa passar uma noite na prisão, antes de ser transferido.

Cena do filme Carcereiros

A presença de Mussa causa uma reestruturação forçada no local, com presos sendo trocados de celas e conflitos se agravando.

A explosão acontece quando um grupo paramilitar invade o presídio, aparentemente em busca do criminoso internacional. E mais combustível é jogado na fogueira quando os próprios prisioneiros planejam um ataque contra o terrorista.

Em meio a ataques que acontecem – literalmente –  de todos os lados, Adriano precisa proteger o prisioneiro ao mesmo tempo em que coloca sua própria vida em risco.

Concebendo sequências impressionantes – como aquela que mostra o grupo invadindo o presídio –, Belmonte procura traduzir esse sentimento de ameaça constante utilizando-se da câmera na mão, como forma de colocar o público ali no meio da ação.

O recurso amplifica o sentimento de urgência. O problema é que as vezes a câmera treme demais e isso, somado à fotografia escura, dificulta a compreensão do que está acontecendo em cena.

Ainda assim, Belmonte é hábil em outras escolhas visuais. É notável, por exemplo, a sutiliza com que ele apresenta o personagem de Dan Stulbach em certo momento, introduzindo-o à narrativa sem chamar atenção para isso.

Cena do filme Carcereiros

Em meio ao frenesi da trama, Carcereiros – O Filme peca, justamente, na composição dos seus personagens-título.

Pois se por um lado é notável a cena em que Adriano pega uma arma, mas a larga em seguida, lembrando-se da sua verdadeira função, em outros momentos essa função parece ser esquecida tanto por ele quanto pelo filme.

Muitas das mortes ocorridas ao longo da narrativa são culpa – direta ou indireta – das ações do protagonista. São suas escolhas de levar certos prisioneiros para determinados lugares que causam muitos dos problemas.

Adriano começa o filme se apresentando como uma espécie de intermediário entre a sociedade além dos muros do presídio e as pessoas que estão lá dentro. Mas ele termina se tornando muito mais passivo do que intermediário.

E vê-lo, ao final, assumindo crédito pelo resultado da operação é no mínimo contraditório.

Assista ao trailer de Carcereiros – O Filme: