Quando um diretor até então desconhecido faz um filme de muito sucesso, ou ao menos que chama bastante atenção, é comum que o público passe a encarar aquele filme como o marco inicial na carreira do cineasta. Não se trata de algo correto, mas, de fato, é algo que acontece com frequência. O problema é que, ao se firmar um ponto inicial, isso faz com que muitos dos trabalhos anteriores do cineasta sejam relegados ao esquecimento. E em alguns casos esses trabalhos trazem elementos bastante interessantes, que inclusive são revisitados ao longo da carreira de determinado realizador. O objetivo dessa 7 List é lembrar alguns desses filmes esquecidos de diretores consagrados. Vamos, então, à lista.
1. Following, de Christopher Nolan.
Um dos diretores mais populares da atualidade, Christopher Nolan é um cineasta bastante celebrado, dono de trabalhos memoráveis como A Origem, Interestelar e, é claro, a trilogia Cavaleiro das Trevas. Seu estilo elegante e complexo de filmar já se apresentou em um dos seus primeiros trabalho, Amnésia, no qual ele provoca o espectador ao contar a sua narrativa toda de traz para frente. Porém, muita gente pensa que Amnésia foi o seu primeiro, quando na verdade é o segundo. Dois anos antes do sucesso do longa estrelado por Guy Pearce, Nolan escreveu e dirigiu o filme Following, estrelado por Jeremy Theobald, Alex Haw e Lucy Russell. Filmado em preto e branco (recurso que ele voltaria a usar em algumas cenas de Amnésia), Following acompanha um jovem escritor que busca inspiração ao seguir estranhos na rua. Até o dia em que ele conhece um ladrão, com quem inicia uma relação de amizade. O filme se empalidece quando comparado ao resto da carreira de Nolan, mas vale pela curiosidade.
2. Olhos Abertos, de M. Night Shyamalan
Quem cresceu na década de 1990, como eu, sabe o furor que foi o lançamento do terror
O Sexto Sentido (1999). Com um final impressionante, o filme catapultou a carreira de um jovem cineasta indiano chamado M. Night Shyamalan. Mas o sucesso teve o seu preço. Marcou o seu diretor de tal maneira que todos os seus trabalhos posteriores foram comparados com essa sua “estreia”. Estreia no cinema mainstream, ao menos. Porque quando lançou o terror com
Bruce Willis, o diretor já tinha dois longas-metragens no seu currículo. O primeiro, de 1992, intitulado
Praying with Anger, pode ser visto
aqui. Porém, o destaque aqui fica por conta da belíssima comédia
Olhos Abertos, de 1998, que conta a história de um garotinha em busca de Deus. Estrelado por
Joseph Cross,
Dana Delany e
Denis Leary, o longa apresenta uma elegância característica do realizador, além de combinar bem os momentos de comédia e drama. Trata-se de uma bela obra, que merece ser descoberta (e sim, também tem uma reviravolta no final).
3. Pura Adrenalina, de Wes Anderson
Dono de um estilo inconfundível, que inclui títulos como
Os Excentricos Tenenbaums (2001),
Moonrise Kingdom (2012) e
O Grande Hotel Budapeste (2014), o cineasta americano Wes Anderson chamou atenção da crítica e do público pela primeira vez com a comédia indie
Três é Demais (1998), estrelada por
Bill Murray e por um então desconhecido
Jason Schwartzman, em seu primeiro papel no cinema. Essa, porém, não foi a primeira experiência de Anderson. Dois anos antes ele já tinha feito a comédia
Pura Adrenalina (1996), estrelada pelos seus constantes parceiros
Luke Wilson e
Owen Wilson (este último, atuando também como co-roteirista). O filme gira em torno de três irmãos que tentam armar um roubo perfeito, mas as coisas dão errado. O humor está lá, mas é notável que Anderson aperfeiçoou a sua técnica com o passar do tempo.
4. A Princesinha, de Alfonso Cuarón
Vencedor do Oscar de Melhor Direção pelo seu trabalho no incrível
Gravidade, o cineasta mexicano Alfonso Cuarón se tornou um queridinho da crítica com o excelente filme
E Sua Mãe Também (2001), que também catapultou a carreira dos atores
Gael García Bernal e
Diego Luna. Quando fez este filme, porém, Cuarón já tinha uma carreira extensa, que incluía três curtas-metragens (todos em 1983), alguns episódios de séries de TV e outros três longas-metragens. E é justamente sobre um desses longas que falaremos aqui. A fantasia
A Princesinha (1995) se passa em 1914 e acompanha uma garotinha inglesa que vai para um colégio interno depois que seu pai é dado como morto na 1ª Guerra Mundial. Baseado no livro de
Frances Hodgson Burnett, o filme apresenta imagens belíssimas e uma direção de arte inspirada na moda e costumes da Índia. Curiosamente, três anos depois, Cuarón se arriscou na adaptação de outro livro, numa versão moderna de
Grandes Esperanças, baseado no clássico de
Charles Dickens, que também é outro trabalho pouco lembrado da sua carreira.
5. Jogada de Risco, de Paul Thomas Anderson
Certamente um dos melhores diretores americanos em atividade hoje, Paul Thomas Anderson comandou verdadeiros clássicos modernos como
Magnólia (1999),
Sangue Negro (2007) e
O Mestre (2012). Apresentado para o grande público com o incrível
Boogie Nights: Prazer Sem Limites (1997), Anderson já surgiu como um talento promissor. E, ao contrário do que aconteceu com Shyamalan, seus trabalhos seguintes mantiveram (ou até elevaram) essa sua qualidade aparentemente inicial. Digo aparentemente porque um ano antes do lançamento da “biografia” do ator pornô Dirk Diggler, o cineasta já tinha dirigido outro filme, intitulado
Jogada de Risco (1996). Estrelado por
Philip Baker Hall,
John C. Reilly e
Gwyneth Paltrow, o longa se passa no submundo dos cassinos e acompanha um jogador veterano que ensino um iniciante em blackjack a como se dar bem no jogo. Assim como o recente
Vício Inerente (2014), este é um filme mais “leve” dentro da filmografia de Anderson.
6. Menino Maluquinho 2: A Aventura, de Fernando Meirelles
Responsável por um dos melhores filmes nacionais deste século, Fernando Meirelles foi lançado ao estrelato depois de comandar a obra-prima Cidade de Deus, em 2002. O longa deu um novo impulso na cinematografia brasileira, e possibilitou a Meirelles dirigir outros projetos ambiciosos, tais como O Jardineiro Fiel (2005) e Ensaio Sobre a Cegueira (2008). Mas por mais que não fosse um nome conhecido na época de Cidade de Deus, Meirelles já tinha dirigido documentários, curtas-metragens, episódios de séries e dois longas. Enquanto a comédia dramática Domésticas (2001) é um título razoavelmente conhecido na sua carreira, pouca gente sabe que ele também foi o co-diretor da comédia infantil Menino Maluquinho 2: A Aventura (1998). Inspirado no personagem criado por Ziraldo, o filme é focado na relação do Maluquinho (Samuel Costa) com o Vovô Passarinho (Luiz Carlos Arutin), que o leva para umas férias na sua fazenda. Trata-se de um título no mínimo diferente do restante da carreira do cineasta.
7. Piranhas 2: Assassinas Voadoras, de James Cameron
O nome de James Cameron pode ser facilmente associado com o gênero de ficção científica (afinal, ele dirigiu filmes como
O Exterminador do Futuro 1 e
2, Aliens, O Resgate e
Avatar). Também pode ser associado com o cinema de ação (
True Lies) e até com o melodrama (
Titanic). Mas tem um gênero (ou melhor, um subgênero) que normalmente não é associado ao seu nome: o terror trash. Mas o que pouca gente sabe é que o primeiro longa de Cameron foi o terror podreira
Piranhas 2 – Assassinas Voadoras (1981). Isso mesmo. O cara que fez
Titanic e
Avatar também dirigiu um filme sobre piranhas voadoras! Estrelada por
Tricia O’Neil,
Steve Marachuk e
Lance Henriksen, essa verdadeira pérola da cinematografia trash acompanha uma instrutora de mergulho que investiga a morte de um mergulhador, vítima de um ataque de piranhas assassinas e voadoras. Genial!
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7 List. Até a próxima!