O filme britânico I, Daniel Blake, dirigido por Ken Loach, venceu a Palma de Ouro na 69ª edição do Festival de Cannes. Essa é a segunda vez que Loach leva o prêmio principal para casa. A primeira foi com o drama Ventos da Liberdade, há exatamente 10 anos.
I, Daniel Blake conta a história de um carpinteiro de meia-idade que adoece e precisa do serviço público de saúde para se tratar. Em seu caminho, porém, ele se depara com uma mãe solteira cujas circunstâncias também a obrigam a procurar refúgio no estado.
O queridinho de Cannes, o canadense Xavier Dolan, venceu o Grande Prêmio do Júri pelo filme Juste la Fin du Monde (Canadá/França). Já o prêmio de Melhor Diretor foi dividido entre Olivier Assayas, por Personal Shopper (França), e Cristian Mungiu, por Graduation (Romênia).
Os prêmios de atuação foram para a atriz Jaclyn Jose, pelo seu trabalho em Ma’ Rosa, de Brillante Mendoza (Filipinas), e para o ator Shahab Hosseini, que estrelou o drama iraniano The Salesman, dirigido por Ashgar Farhadi (que, por sua vez, venceu o prêmio de Melhor Roteiro).
Muito se falava sobre as chances do drama brasileiro Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, levar algum prêmio, mas o longa acabou não ganhando nada. Isso, porém, não tira o mérito do filme. Além de ter conseguido entrar numa lista extremamente competitiva, na qual são inscritos filmes de todo o mundo, Aquarius ainda arrancou elogios da crítica especializada que cobria o festival, algo que pode lhe render uma boa carreira internacional.
Da mesma maneira, é bom destacar que os premiados não são necessáriamente os melhores. São a opinião de um pequeno grupo de pessoas, com gostos diferentes entre si. O filme de Dolan, por exemplo, dividiu a crítica, e o filme de Assayas foi sonoramente vaiado após a sua exibição. Para se ter uma ideia, quando o júri entrou na sala de imprensa após a deliberação dos prêmios, eles foram vaiados pelos membros da imprensa ali presentes que não concordaram com aquelas escolhas. E isso é raro de acontecer.
Ainda assim, o Brasil não saiu do festival de mãos abanando. O documentário Cinema Novo, dirigido por Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha, levou o prêmio Olho de Ouro. E o curta A Moça que Dançou com o Diabo, de João Paulo Miranda Maria, ganhou uma menção especial.
Confira abaixo a lista completa dos vencedores.
Palma de Ouro
I, Daniel Blake, de Ken Loach (Reino Unido)
Grande Prêmio do Júri
Juste la Fin du Monde, de Xavier Dolan (Canadá/França)
Melhor diretor
Olivier Assayas, por Personal Shopper (França), e Cristian Mungiu, por Graduation (Romênia)
Melhor atriz
Jaclyn Jose, por Ma’ Rosa, de Brillante Mendoza (Filipinas)
Melhor ator
Shahab Hosseini, por The Salesman, de Ashgar Farhadi (Irã)
Melhor roteiro
Asghar Farhadi, por The Salesman (Irã)
Prêmio do Júri
American Honey, de Andrea Arnold (Reino Unido/EUA)
Prêmio Caméra d’Or (melhor primeiro filme)
Divines, de Houda Benyamina (Afeganistão)
Melhor curta-metragem
Time Code, de Juanjo Gimenez (Espanha)
Menção especial – curta-metragem
A Moça que Dançou com o Diabo, de João Paulo Miranda Maria (Brasil)
Palma de Ouro Honorária
Jean-Pierre Léaud, ator dos filmes de François Truffaut