Parabéns ao Cinesystem

Normalmente ir ao cinema para ver um filme de terror tem sido uma tortura. Não pelo filme em si, já que os mesmos raramente são assustadores, mas pelo público. Filme de terror atrai muito jovem/adolescente. E a geração atual, acostumada a ver filme no computador em janela reduzida enquanto o Facebook fica aberto em outra aba, parece não saber se comportar dentro de uma sala de cinema.

Já tentei ver filme de terror em todos os horários possíveis no cinema, e a experiência é sempre desagradável. Em certo momento, ao final da sessão, cheguei ao desabafar (e não reclamar, já que não é culpa dele) com um atendente sobre a falta de educação do público na sala, o mesmo me questionou por que eu esperei até o final da sessão para reclamar. Por que não saí no meio e os avisei para que pudessem tomar uma atitude (que seria expulsar os tagarelas da sala). Então expliquei que naquela sala cheia, eu era provavelmente o único que estava quieto. Se tivessem que tirar as pessoas que estavam incomodando, tirariam todo mundo. E sei que isso não é viável.


É claro que a generalização não é uma ciência exata. E tenho certeza que existem muitos adolescentes que sabem se comportar no cinema. Sabem deixar seu celular no silencioso, sabem que não devem conversar durante a sessão e nem incomodar a pessoa que está do lado. Assim como também existem diversos adultos que se comportam como crianças. Isso tudo é verdade. Mas ainda assim, uma generalização nesse caso se faz necessária, porque por mais que existam esses dois grupos citados (adolescentes comportados e adultos mal criados), é visível que a grande maioria do público jovem se comporta dessa maneira. E aqueles que não agem assim, acabam sendo também prejudicados pelos seus colegas de mesma idade.

Sendo assim, imaginem o meu receio quando percebi que o único horário disponível para assistir o recente “A Morte do Demônio” era no domingo, à noite. Baseado nas minhas experiências anteriores, já temia o pior. E, para minha surpresa, não foi isso que aconteceu. Quando cheguei ontem a noite na sala do Cinesystem de Florianópolis, o único cinema da cidade a passar o filme (com atraso, diga-se de passagem, mas acredito que isso não seja culpa da administração local), percebi que a movimentação nas bilheterias era bastante fraca. Ao comprar o ingresso descobri então o motivo para isso. “A Morte do Demônio” é censura 18 anos. E essa censura está sendo seguida rigorosamente pelo cinema.

Então, o que tinha tudo para ser uma sessão com uma sala cheia de pirralhos nos celulares e conversando alto, se tornou uma sessão mais restrita, para um público adulto e (em sua maioria) comportados. É claro que os irritantes barulhos de pipoca continuam a ocorrer durante a sessão, mas não julgo e nem condeno a venda de pipoca porque sei que é uma das principais fontes de renda do cinema. E parabenizo o Cinesystem pela iniciativa de passar um filme que não trará o retorno financeiro esperado (devido a essa rigorosa fiscalização, que acaba mantendo de fora o público alvo desse gênero), iniciativa essa que (reforço) nenhum outro cinema da cidade teve.

E mais, vale destacar também que a rede de cinema tem resistido bravamente à onda de filmes dublados que parece dominar o mercado exibidor. Com uma programação quase inteiramente legendada, salas confortáveis e tecnologia de ponta, o Cinesystem de Florianópolis merece essa pequena homenagem que faço aqui.

E que venham mais filmes de terror com censura 18 anos!

P.S: A crítica de “A Morte do Demônio” será publicada em breve aqui no blog.