responsáveis pela guinada na carreira de Robert Downey Jr, quando o chamou para
protagonizar a comédia “Beijos e Tiros”. Já a franquia “Homem de Ferro” foi a
grande responsável pelo estabelecimento de Downey Jr. como um astro de primeiro
escalão – tornando o ator um dos mais bem pagos da atualidade. Sendo assim, a
reunião da dupla no terceiro capítulo da saga de Tony Stark tinha tudo para dar
certo. Mas o resultado, apesar de positivo, não chega a ser o esperado.
Pearce (criador da ótima série britânica “No
Heroics”), acompanha Stark após os eventos mostrados em Os Vingadores. O herói agora sofre as
consequências psicológicas do seu encontro com aliens e deuses. Dando-se conta
da sua imponência em relação a tais forças, Stark se esconde em sua oficina, construindo
armaduras cada vez mais poderosas e avançadas. O avanço tecnológico também é
visto no desenvolvimento da tecnologia extremis, combinação dos estudos de Maya
Hansen (Rebecca Hall) e Aldrich Killian (Guy Pearce), que visa desenvolver o
ser humano a tal ponto que ele seja capaz de se curar sozinho.
de longe a melhor coisa do filme) inicia seu reino de terror, tentando
“ensinar” (ele se considera um professor) a sua lição ao governo americano.
Para combater o tal terrorista, o governo americano faz modificações na
armadura do “Máquina de Combate”, transformando-o no “Patriota de Ferro”,
novamente sendo comandado pelo coronel James Roads (Don Cheadle).
assumindo um tom mais pesado, o que automaticamente tira da zona de conforto o
personagem e também o diretor. A experiência de Black se resume a comédias de
ação de pouca profundidade, e não a abordagens intimistas de seus personagens. E
Downey Jr. ficou conhecido (e se estabeleceu) pelo seu jeito engraçadinho e
descontraído, papel que ele reprisou nos dois Sherlock Holmes e em Trovão Tropical
– pouca gente se lembra, por exemplo, que ele concorreu ao Oscar por sua
excelente, e igualmente melancólica, personificação do ícone do cinema Charles
Chaplin, no drama “Chaplin” (1992).
na sua narrativa. Ele tem. Só que tais elementos acabam não funcionando tão bem
em meio a essa abordagem mais “séria”. O próprio Robert Downey Jr., grande
destaque das produções anteriores, não tem muita graça. De todas as piadas que
ele faz ao longo da projeção (a maioria envolvendo a armadura que não chega até
ele como planejado), poucas são realmente engraçadas. Em certo momento,
chegarem a fazê-lo contracenar com uma criança, na busca de um timming cômico mais apelativo, o que
também não funciona. Sobra então para os coadjuvantes se destacarem nos
momentos engraçados. Já isso funciona muito melhor.
personagem do Mandarim. Procurando não entregar nenhuma surpresa, vale
mencionar apenas que é uma decisão corajosa e bastante condizente com o tema
apresentado. Entretanto, o mesmo não pode ser dito dos ataques de pânico do
protagonista, que são logo descartados da narrativa sem maiores explicações.
A direção de Black se mostra bastante limitada devido ao roteiro falho
em que se baseia. Sobra pouco espaço para o diretor mostrar a que veio. Vale
apontar que no quesito da ação ele não decepciona. Adotando um clima grandioso,
com sequências muito bem elaboradas – em especial no clímax e a cena em que Tony luta contra
diversas pessoas usando somente a armadura na mão e no pé –, o diretor ainda
consegue manter a franquia Homem de Ferro
com certo (pouco) nível de qualidade visual. Pode não ser o ideal, mas também não
é um desastre.
(Iron Man 3 – Ação – EUA – 2013 – 130 min.)
Direção: Shane Black
Roteiro: Shane Black e Drew Pearce
Elenco: Robert Downey Jr., Guy Pearce, Ben Kingsley, Gwyneth Paltrow, Rebecca Hall, Paul Bettany, Don Cheadle, Jon Favreau.