RISCADO

(idem – Brasil – 2010)

Direção: Gustavo Pizzi
Roteiro: Gustavo Pizzi e Karine Telles
Elenco: Karine Teles, Camilo Pelegrini, Dany Roland, Otávio Muller, Lucas Gouvêa, Cecilia Hoeltz, Otto Jr, Cris Larin.

Histórias que lidam com o cotidiano precisam de uma direção muito firme para não perderem o ritmo; enquanto histórias que mexem com metalinguagem, precisam de um roteiro bem escrito para não se tornarem confusas. Se um filme resolve abordar esses dois temas, é necessário que os realizadores tenham pleno domínio das suas “obrigações”. Em Riscado, primeiro longa-metragem de ficção do diretor/roteirista Gustavo Pizzi, isso não acontece.

Na trama, Bianca (Karine Teles, esposa do diretor e também co-roteirista) é uma atriz que, enquanto não consegue se estabelecer na carreira, trabalha de graça em peças de teatro de amigos e faz bicos vestida como ícones do cinema para divulgar festas, inaugurações, eventos, etc. É então que ela vê sua grande chance ao ser selecionada para um audacioso longa-metragem, no qual os realizadores passam a compor a personagem baseada na sua própria vida, e nas suas experiências.

Com diálogos rápidos, ditos com naturalidade, e boas atuações – principalmente a de Karine –, o longa se sustenta bem durante boa parte da projeção, porém perde o rumo quando resolve fazer inserções de metalinguagem. A partir do momento em que as situações vividas pela personagem viram páginas de um roteiro, a confusão de instala; tornando a narrativa confusa e, em muitos momentos, arrastada.

Pizzi parece não saber o que fazer com tamanha complexidade, e acaba atirando pra todos os lados. Um exemplo disso são as imagens filmadas em super 8, que serviriam para mostrar a intimidade de Bianca nos momentos em que ela “sai do personagem”. Tal recurso, porém, é mal utilizado, e a intenção cai por terra quando as imagens “normais” também mostram isso. Sendo assim, algo que poderia ser bastante criativo e significativo, acaba tornando-se um preciosismo desnecessário.

Chega a ser contraditório vermos em tela, diegéticamente, um filme ser tão bem planejado; quando a falta de planejamento e estudo aparentemente foi o que mais pecou na realização de Riscado. Inicialmente demonstrando bastante potencial, o resultado é apenas mediano. É bom, porém fica a sensação de que podia ser muito melhor.

Nota: (Bom) por Daniel Medeiros


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