PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM

(Rise of the Planet of the Apes – EUA – 2011)

Direção: Rupert Wyatt
Roteiro: Rick Jaffa e Amanda Silver
Elenco: Andy Serkis, James Franco, Freida Pinto, John Lithgow, Brian Cox, Tom Felton, David Oyelowo, Tyler Labine, Jamie Harris, David Hewlett, Ty Olsson.
Apesar de ser mais um caso onde o trailer estraga toda a diversão de assistir ao longa, Planeta dos Macacos – A Origem não deixa de ser uma agradável surpresa. Digo isso porque, aparentemente nem mesmo o estúdio acreditava no resultado positivo de sua produção. Pela menos essa é a única explicação que consigo encontrar para que eles pudessem liberar uma prévia (que pode ser vista abaixo, mas não aconselho) que entrega toda a história e as melhores cenas de um filme que não tem muita coisa nova para mostrar (afinal, trata-se de um prequel) – visando conseguir um publico maior, atraído pelas belas seqüências de ação.
Ainda assim, não dá pra culpar a Fox por essa decisão. Afinal a primeira, e corajosa, mudança do roteiro – escrito por Rick Jaffa e Amanda Silver (Olho por Olho) – foi justamente ignorar aquela horrível versão feita por Tim Burton em 2001. O que sobra, então, é o início de uma série que apesar de famosa na sua época, é desconhecida do grande público atual – já que está longe das telonas à trinta anos.
Nesse novo universo, o Dr. Will Rodman (James Franco) é um cientista que desenvolve uma droga capaz de curar o Mal de Alzheimer, através da sua capacidade de regenerar as células mortas do cérebro, fazendo com que o próprio organismo se cure. Testada em macacos, a droga acaba aumentando a de suas cobaias. Quando a demonstração de sua eficácia para possíveis investidores dá errado, toda a pesquisa é encerrada e os símios sacrificados. Salvo por um filhote, César, que Will acaba levando para casa para fazer companhia para seu pai (John Lithgow), que a anos sofre de Alzheimer.
Com o passar dos anos, César (interpretado por Andy Serkis, através da tecnologia de captura de movimentos) apresenta cada vez mais sinais de inteligência avançada – herdada geneticamente de sua mãe –, enquanto vive escondido do resto do mundo no sótão da casa dos Rodman. Porém, após um violento incidente, o macaco é levado para um cativeiro, onde fica isolado dos outros de sua espécie devido a sua maneira diferente de se portar – o que o torna, consequentemente, mais violento. Paralelo a isso, Will tenta a todo custo tira-lo de lá, enquanto mantém clandestinamente sua pesquisa para tentar encontrar a cura para seu pai.
Desenvolvendo os personagens e as situações de maneira lenta e gradativa, o diretor Rupert Wyatt (O Escapista) cria um clima de tensão crescente (e não de ação desenfreada como o trailer mostra) que em muito lembra o ótimo Os 12 Macacos, de Terry Gilliam. E se, a principio, parecia que o cineasta não confiava na inteligência do espectador – ao mostrar César crescendo enquanto pula pelas árvores somente para, em seguida, colocar na tela um desnecessário e pleonátisco letreiro dizendo “5 anos depois” –, ele logo retoma nossa confiança, ao mencionar (e apenas mencionar) uma certa tripulação espacial à caminho de Marte. Além disso, a resolução da subtrama envolvendo os efeitos da droga no organismo humano mostra o cuidado tido pela produção em fechar todas as arestas do roteiro de maneira convincente e sugestiva.
Contando com um elenco bastante inexpressivo – que traz o quase sempre mediano James Franco no papel principal, e Tom “Malfoy” Felton mais uma vez interpretando um vilão –, quem mais se destaca no time dos “humanos” é o sempre competente John Lithgow, mostrando toda dor e sofrimento de uma vida esquecida. Porém, a grande estrela aqui, como já se esperava, é Andy Serkys. Responsável pelos movimentos e expressões de César, o ator (que já interpretou Golum e King Kong) mostra mais uma vez o seu talento, trazendo realismo e emoção ao seu personagem.
Nesse caso, os efeitos especiais também merecem menção. Criados pela Weta Digital (empresa de Peter Jackson), os efeitos são bastante realistas, trazendo características distintas a cada um dos (vários) animais recriados. E se as expressões humanas – como medo, tristesa, choro – são um acerto; mostrar César conversando com outro macaco por meio da linguagem de sinais pode ser visto como um exagero desnecessário. Não dá pra entender como, em um universo totalmente criado em CGI, alguém ainda apela para diálogos quando quer explicar alguma coisa.
Ainda que, como foi mencionado, o trailer entregue todas as sequências de ação que o longa guarda apenas para o seu clímax (ótimo, por sinal), Planeta dos Macacos – A Origem supera todas as baixas expectativas que tínhamos a respeito dele, entregando um filme que, além de respeitar muitos dos aspectos da franquia que o gerou, não teme em inovar e ousar. Vale a pena conferir.

Nota:(Ótimo) por Daniel Medeiros


O 7 Marte gostaria de agradecer a EspaçoZ, a PalavraCom e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa onde pudemos assistir a esse filme.
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