O Segredo da Floresta (Behind the Trees, 2019) é um filme estadunidense que se passa na Índia e sugere uma discussão interessante acerca do embate entre religião e ciência. Porém, a abordagem clichê do diretor estreante Vikram Jayakumar e as péssimas atuações acabam com quaisquer boas intenções por trás desta obra pouco memorável.
O roteiro acompanha um casal, Amy (Vanessa Curry) e Jay (Sahil Shroff), passando uma semana de férias em um resort na Índia. Como os últimos hospedes foram embora, os dois têm o local inteiro para eles, com o criado Navin (Subrat Dutta) sempre à sua disposição.
Por mais que a relação dos dois pareça estar bem estabelecida, existe um conflito por trás daquela aparente felicidade. Jay está satisfeito com o rumo da sua vida. Ele gosta do seu emprego e ama a namorada. Amy, por sua vez, deseja avançar mais na sua carreira. Por isso, ela nega o pedido de casamento dele.
Desconcertado com a resposta negativa, Jay se perde no caminho de volta e os dois vão parar em uma pequena vila. Chegando lá, eles presenciam uma cerimônia de exorcismo. O ato consiste em prender uma menina (Tvisha Seema) em um galpão no meio de uma plantação de cana.
Amy observa o ritual com ceticismo e, quando as pessoas vão embora, ela resolve salvar a menina e leva-la de volta para o hotel. Assim, O Segredo da Floresta estabelece um conflito entre religião e ciência, razão e emoção. Como Amy é médica, ela se recusa a acreditar em algo que desafie a sua racionalidade.
Enquanto trata a menina possuída, Amy começa a conhecer um pouco mais da cultura local. As histórias contadas pela menina (sobre como não se deve olhar para trás na floresta ou assobiar à noite) parecem saídas de um conto de fadas, abrindo possibilidades para o cineasta misturar de terror e fantasia à sua narrativa.
Por mais que Jayakumar até consiga criar uma iconografia interessante, concebendo um monstro cujo corpo mistura os elementos da floresta, o resto do filme é repleto de exageros. E as tentativas do diretor de surpreender o público não funcionam, pois conseguimos antecipar as suas escolhas.
O roteiro ainda aposta em soluções falhas (como o celular que só tem sinal quando isso é necessário à trama) e numa estrutura duvidosa: as cenas apresentadas durante os créditos finais claramente precisavam estar inseridas dentro da narrativa para fazerem sentido.
Ao final, O Segredo da Floresta tenta explorar a cultura da Índia para criar terror diferente do que estamos acostumados a ver. Mas as decisões equivocadas e o abuso de clichês fazem desta uma obra repetitiva para os fãs do gênero, além de um péssimo filme para o público em geral. A cultura da Índia merecia uma homenagem melhor.