7 List | Sete ótimos filmes recentes de terror que você provavelmente não conhece

Aproveitando a estreia de A Bruxa, cuja crítica será publicada aqui em breve, resolvi fazer a primeiríssima lista aqui do blog, carinhosamente chamada de 7 List. E, como não poderia deixar de ser, essa lista é relacionada ao gênero de terror.

A ideia foi trazer algum tipo de diferencial em relação ao que se encontra comumente na internet. Sendo assim, o conceito dessa lista, conforme o próprio nome sugere, é indicar filmes recentes de terror que são desconhecidos do grande público e até mesmo do circuito alternativo de festivais (onde circulam filmes como A Bruxa e Corrente do Mal).

Não. O que eu quis foi fazer um garimpo mais específico, procurando por títulos mais desconhecidos, mas que também merecem destaque. Acredito que tenha chego a uma boa lista, ainda que não seja definitiva. Outras virão. Essa é a primeira, mas com certeza não é a última.

Mas chega de enrolação, vamos à primeira 7 List.

Sete ótimos filmes recentes de terror que você provavelmente não conhece.

1) A Casa do Diabo (The House of the Devil, EUA, 2009). Talvez o título mais “conhecido” dessa lista, A Casa do Diabo marcou presença aqui por um motivo simples: Ti West. O cineasta americano é, possivelmente, um dos melhores do gênero em atividade hoje em dia, e seus trabalhos sempre demonstram um conhecimento muito grande tanto da linguagem cinematográfica quanto (e principalmente) do gênero de terror. A Casa do Diabo é a prova disso. A trama acompanha um estudante universitária (Jocelin Donahue) que arruma um emprego como babá na casa de um estranho casal. À medida que um eclipse lunar escurece o céu noturno, elas percebe que os seus patrões guardam um terrível segredo. Metalinguístico em sua forma, o filme é uma homenagem ao cinema de horror das décadas de 1970 e 1980, trazendo um estilo narrativo característico daquela época – como o desenvolvimento lento da história. Porém, o seu grande diferencial é o fato de que, além da trama se passar na época referenciada, a própria textura da imagem remete à filmes antigos, daqueles que víamos em cópias toscas em VHS (nossa, como eu sou velho). Foi o primeiro filme de Ti West que eu vi, e imediatamente virei fã do seu trabalho. É um cineasta que vale a pena acompanhar.

2) Pesadelo Mortal (Cigarette Burns, EUA, 2005). Último grande trabalho do auto-intitulado mestre do horror John CarpenterPesadelo Mortal é um telefilme produzido para a antologia televisiva Mestres do Horror. O filme também lida com uma questão metalinguística, mas de maneira um pouco diferente. O título em inglês é uma referência à marcas que ficam na película e indicam a troca dos rolos durante a exibição no cinema. Esse conceito está se perdendo com a exibição digital, mas na época da produção ainda era uma regra. A trama acompanha Kirby Sweetman (Norman Reedus), pesquisador de filmes raros e dono de uma pequena sala de cinema onde exibe só filmes de horror. Certo dia, ele é contratado por um milionário (Udo Kier) para encontrar um filme amaldiçoado chamado La Fin Absolue du Monde, que quando foi exibido num festival, causou uma histeria coletiva. Mergulhando fundo no “submundo” dos filmes alternativos, Sweetman começa a se envolver cada vez mais com a maldição de La Fin Absolue du Monde, que logo se torna realidade. E o resultado é assustador.

3) Calafrios (Sudor Frio, Argentina, 2010). Pra ninguém reclamar que só falo de filmes americanos, tá aqui produção argentina da melhor qualidade. Calafrios é dirigido por Adrián García Bogliano, que também comandou um episódio da antologia O ABC da Morte e o incrível filme de lobisomens Late Phases. Descobri esse filme logo após assistir a  Late Phases, quando pesquisei pelo nome do diretor na Netflix e o descobri lá (por sinal, ambos os longas continuam no catálogo até o momento da escrita desse post). A trama acompanha um jovem (Facundo Espinosa) que investiga o sumiço da sua ex-namorada. Sua busca culmina numa casa antiga, onde vivem dois ex-soldados da época da ditadura. Os soldados usam a internet para atraírem jovens até eles, aprisionando suas vítimas e torturando-as das piores maneiras possíveis. Existe um subtexto político na narrativa de Bogliano, ao colocar soldados da ditadura argentina mantendo o seu “estilo de vida” nos dias atuais. Porém, esse não é necessariamente o foco do filme, já que em muitos momentos fica claro que o diretor não quer que seu trabalho seja levado a sério. A ideia aqui é fazer um longa que misture elementos do slasher, do trash e do torture porn. E isso, Calafrios faz muito bem.

4) Deadgirl (EUA, 2008). Provavelmente o filme mais doentio dessa lista, Deadgirl conta a história de dois estudantes (interpretados por Shiloh Fernandez e Noah Segan) que encontram uma mulher nua e acorrentada ao porão de um hospital abandonado. Espécie de zumbi que não se decompõe, a garota morta do título (Jenny Spain) acaba se tornando escrava sexual dos dois, que constantemente testam os limites da sanidade do espectador ao inventarem novas formas de sentirem prazer com o seu “objeto sexual”. Mas, enquanto um dos jovens parece se arrepender das suas atitudes, o outro fica obcecado pela garota. O longa é dirigido pela dupla Marcel Sarmiento (Heavy Petting) e Gadi Harel (Operation Midnight Climax), sendo esse o primeiro longa-metragem em que eles trabalharam juntos.

5) Cheap Thrills (EUA, 2013). Mistura de comédia e gore, Cheap Thrills traz um comentário social muito sagaz ao questionar qual o limite da ganância humana e o que o homem é capaz de fazer em momentos extremos. A trama acompanha um homem (Pat Healy) que acaba de perder seu emprego e, endividado até a alma e correndo o risco de perder a sua casa, vai afogar as mágoas num bar. Lá, ele começa a conversar com um velho amigo de escola (Ethan Embry), para quem conta os seus problemas. Logo, os dois são abordados por um casal rico (interpretados por David Koechner e Amanda Fuller) que lhes propõe uma forma de ganharem um dinheiro “fácil”. A ideia é que eles realizem uma série de estranhas tarefas, e para cada uma dessas tarefas, eles acumulam um montante a ser retirado no final da noite. O problema é que os desafios propostos se tornam cada vez mais bizarros, e a ganância acaba por colocar um contra o outro numa competição que vai até as últimas consequências. O filme é dirigido por E.L. Katz, roteirista de Autopsy (2008) e responsável por um curta da antologia O ABC da Morte 2.

6) Pontypool (Canadá, 2008). Certamente a história mais bizarra dessa lista, o terror canadense Pontypool apresenta uma trama bastante inventiva, ao mostrar uma epidemia transmitida através de palavras. Isso mesmo, o que faz as pessoas se transformarem em uma espécie de zumbis sanguinários são algumas palavras amaldiçoadas (ou infectadas?). A trama acompanha os membros de uma equipe de rádio numa pequena cidade isolada no norte do continente americano. Logo eles percebem que estão sendo cercados e que a agressividade geral é provocada por um estranho vírus que se propaga pela linguagem. O grande mérito do roteirista Tony Burgess (que escreveu o filme com base em seu próprio livro) é fazer com que essa bizarrice seja crível, fazendo com que o espectador acredite naquela história (absurda) e se importe com seus personagens. Vale destacar também o bom trabalho de direção de Bruce McDonald, que mantém a tensão constante da narrativa mesmo em um ambiente limitado. Curiosamente, esse filme faria uma sessão dupla muito interessante com o romance/sci-fi Frequencies (ou OXV: The Manual), que é outro longa que trabalha com essa ideia de um poder da sonoridade das palavras.

7) Na Teia do Mal (Para Entrar a Vivir, Espanha, 2006). Esse é outro telefilme desenvolvido para uma antologia de terror, desta vez produzida pela TV espanhola. Na Teia do Mal faz parte da série Películas para no Dormir, que apresentou trabalhos de alguns dos melhores diretores espanhóis do gênero de terror. Quem dirige este aqui é Jaume Balagueró, co-diretor de nada menos do que [Rec] (2007), o filme espanhol de terror mais influente dos últimos anos. Espécie de Quadrilha de Sádicos passado em um condomínio residencial, Na Teia do Mal (que também foi traduzido como Morada do Perigo) mostra um casal que chega até um condomínio para visitar um apartamento. Mas logo eles eles perceberam que caíram diretamente em uma armadilha extremamente violenta e passam a ser caçados pelos estranhos moradores daquele lugar. É incrível como Balagueró consegue criar todo um universo narrativo coeso e desenvolver bem a sua história, num filme com apenas 68 minutos de duração. Na Teia do Mal é ágil, divertido e extremamente violento. Um título imperdível para fãs do gore.

Bom, é isso. Essa foi a nossa primeira lista. Gostaram? Ainda tem muita coisa para indicar. Faremos outras edições dessa lista e traremos também outros temas. Para ficar sabendo de tudo em primeira mão, curta a nossa página no Facebook (é só clicar na imagem abaixo), siga a gente no Twitter e também nos acompanhe no Instagram. Tem mais dicas de filmes desconhecidos? Deixa aí nos comentários que quem sabe eles entram na próxima 7 List. Até a próxima!