Crítica | Justin e a Espada da Coragem

Justin e a Espada da Coragem é uma animação espanhola produzida pelo ator Antonio Banderas (A Pele que Habito) que tenta ser um entretenimento de conteúdo, mas ao falhar nisso, acaba se tornando sem graça e cansativa, além de passar uma mensagem um tanto perigosa para as crianças.

Escrito por Matthew Jacobs (Lassie) em parceria com Manuel Sicilia (El Lince Perdido), que também dirige o filme, o roteiro acompanha Justin, o jovem que deseja ser cavaleiro, mas que vive num reino onde essa profissão foi banida e substituída por oficiais de justiça. Contrariando a vontade de seu pai, que deseja que o filho se torne um advogado, Justin parte numa jornada em busca de treinamento para realizar seu sonho, ao mesmo tempo em que um dos cavaleiros banidos reúne um exército e planeja vingança contra o reino que o expulsou.

Não trazendo absolutamente nada de original, Justin e a Espada da Coragem apenas repete a trama já batida da jornada do herói, que precisa viajar para longe em busca de conhecimento e passa por um treinamento árduo até ficar pronto para a batalha. Além do mais, o roteiro conta com um timing cômico bastante falho, que se apoia em personagens bizarros (como o mago de dupla personalidade que fala sozinho, igual ao Golum em O Senhor dos Anéis – As Duas Torres) numa tentativa frustrada de fazer humor.

Pior ainda é o fato do texto de Jacobs e Sicilia apresentar graves problemas de estrutura, como ao conceber um personagem secundário (o falso cavaleiro) que ganha importância a partir da metade do filme, mas que não serve para absolutamente nada no decorrer da narrativa – prova disso é que, em certo momento, ele impede que o vilão consiga raptar uma donzela, mas em seguida ele mesmo sequestra-a e a leva diretamente ao vilão.

Mas o grande problema da animação é que ela passa uma ideia equivocada, de que as leis são apenas “regras que tornam as pessoas infelizes”, chegando a afirmar que “às vezes justiça e lei são coisas diferentes”. Esse conceito, quando interpretado, pode ser perigoso, uma vez que o roteiro sugere que a melhor solução encontrada para a sociedade seria a proteção por meio de cavaleiros, que são “a essência do altruísmo e coragem” – outra ideia que o próprio filme prova ser equivocada, uma vez que o vilão é um ex-cavaleiro.

Com apenas uma sequência genuinamente engraçada (envolvendo um crocodilo voador medroso), Justin e a Espada da Coragem não consegue empolgar o público e nem entregar um produto de qualidade. Talvez até divirta as crianças que o assistirem, mas os pais provavelmente vão ficar entediados.

(Justin and the Knights of Valour | Animação | Espanha | 2013 | 90 min.)
Direção: Manuel Sicilia
Roteiro: Matthew Jacobs e Manuel Sicilia
Elenco: (com vozes de) Freddie Highmore, Saoirse Ronan, Alfred Molina, Antonio Banderas, Julie Walters.