Crítica | Meu Malvado Favorito 2

Meu Malvado Favorito 2 segue uma cartilha bastante comum em continuações hollywoodianas: investir pesado naquilo que funcionou anteriormente. Trata-se uma fórmula praticamente infalível, uma vez que aquele universo narrativo (assim como seu público cativo) já está estabelecido, e o estúdio terá um retorno quase garantido. O problema é que, por mais que divirta ver seus personagens queridos de volta às telas, qualquer filme que opte por seguir esse caminho imediatamente enfrenta o problema da falta de originalidade.

Essa é a grande diferença entre animações como a franquia Toy Story e esse novo Meu Malvado Favorito. Enquanto o primeiro procurava “crescer” junto com os seus espectadores (e, consequentemente, a qualidade das animações melhorava a cada nova edição), o segundo repete a fórmula vista anteriormente. Na trama, Gru agora é um pai de família que abandonou a vida de crimes e decide se tornar um homem de negócios respeitável. Entretanto, seu passado acaba o alcançando quando uma liga antivilões o convoca para utilizar seus conhecimentos do mundo do crime e encontrar um novo e perigoso malfeitor.

Ao remover o protagonista do seu habitat natural, tira-se também boa parte da sua graça. Se no primeiro longa era o humor sarcástico de Gru que imperava, aqui o tipo de piada usada inclui mostrá-lo vestido de princesa encantada para agradar a filha. É uma proposta diferente que pode até combinar com o desenvolvimento do personagem, mas que, pessoalmente, não agradou muito. Tanto é que uma das melhores piadas aqui é justamente aquela que remete a essa sua personalidade anterior. Quando a filha adotiva o questiona por que ela tem que fazer uma apresentação de dia das mães sendo que ela não tem uma mãe, Gru responde: “você fez a peça do dia do trabalho e nunca trabalhou”.

Por falar no longa anterior, vale lembrar que quem mais chamou a atenção naquele caso não foi necessariamente o protagonista, e sim os Minions, seus divertidos (e um tanto sádicos) ajudantes. Então, como era de se esperar, os pequenos seres amarelos aparecem em praticamente todas as cenas, o que acaba enfraquecendo um pouco o elemento cômico que antes provinha de suas aparições esporádicas. Ainda assim, é preciso admitir que alguns momentos nesse filme são realmente impagáveis (a coreografia à la Village People é muito engraçada).

Novamente dirigido pela dupla Pierre Coffin e Chris Renaud, Meu Malvado Favorito 2 apresenta algumas sequências bastante criativas, como é o caso do momento em que o Gru caminha pela rua apaixonado e, depois de uma decepção amorosa, faz o mesmo caminho de volta. Além disso, os cineastas finalizam essa cena de maneira simples, mas brilhante, mostrando-o sentado na varanda de casa, na chuva, em um ambiente totalmente acinzentado, e quando a porta de casa se abre (pois sua filha vem lhe trazer um guarda-chuva), uma luz amarela e quente sai da casa e o ilumina.

Fazendo menções diretas ao original (o formato da panqueca), além de citações a filmes clássicos (a referência à Alien envolvendo um galo é hilária), Meu Malvado Favorito 2 consegue divertir e entreter, sem muito compromisso, mas não tanto quanto o anterior. Resta saber agora como o longa solo dos Minions vai se sair.

(Despicable Me 2 – EUA – 2013 – 98 min.)
Direção: Pierre Coffin e Chris Renaud
Roteiro: Ken Daurio e Cinco Paul
Elenco (vozes originais de): Steve Carell, Kristen Wiig, Benjamin Bratt, Miranda Cosgrove, Russell Brand, Ken Jeong, Steve Coogan.