Dolby Atmos e 48fps

Novas tecnologias na sala 4 do Cinesystem Iguatemi.


Tive a oportunidade de assistir a O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (leia a crítica do filme aqui) na sala 4 do Cinesystem Iguatemi aqui de Florianópolis. Para quem não sabe, o Cinesystem recentemente inaugurou na capital catarinense a primeira sala da América Latina com o sistema de som Dolby® Atmos™. A tecnologia distribui o som em 128 canais de áudio, com direito a 20 caixas de som colocadas no teto. E O Hobbit foi um dos poucos filmes até agora finalizados com essa tecnologia. Isso quer dizer que a sala era a única do país que estava equipada para suportar corretamente (e inteiramente) o sistema de som do filme de Peter Jackson.


E a diferença foi grande. Procurando proporcionar a total imersão no filme, o som “passeia” pelas caixas a medida que sua fonte no filme se desloca. Sendo assim, quando um personagem está em quadro, sua fala sai pelas caixas da frente, porém quando ele sai do quadro é possível perceber que o som também está saindo apenas das caixas do lado. Da mesma maneira, quando, em certo momento da projeção, os personagens entram na caverna dos trolls é possível ouvir os sons das moscas que voam em cena por todos os lados, como se o espectador estivesse cercado por elas. E nas cenas com chuva ou com cachoeira, é possível perceber também que o som vem de cima, aumentado assim o realismo da experiência cinematográfica. 



Porém se o sistema de som foi um destaque positivo para melhor apreciação do filme, o mesmo não pode ser dito em relação a exibição em 48 quadros por segundo (lembrando que isso não é um problema da sala de cinema, e sim da concepção do filme que foi feito desse jeito). Ainda que de fato apresente uma imagem mais limpa (ainda mais em 3D), com detalhes extremos em cenas onde normalmente o 24 fps não consegue captar (como imagens de fogo e água), a sensação de imagem acelerada e o movimento causaram estranhamento e pessoalmente me incomodaram bastante.


E entendo porque dizem que em algumas exibições nos Estados Unidos pessoas passaram mal vendo o filme. A quantidade de informações na tela é tão grande que, nas frenéticas cenas de ação, parece que o cérebro não consegue assimilar tudo ao mesmo tempo. Além do mais, Peter Jackson opta por, em alguns momentos, utilizar câmera na mão para filmar certas sequências que, com o uso dessa tecnologia, acabaram tendo um resultado bastante estranho. Talvez o cineasta melhore o efeito nos próximos dois filmes, e talvez o público se acostume com a novidade até lá, mas de fato essa nova tecnologia de captação de imagem está dividindo opiniões. Mas também, são mais de 80 anos fazendo filmes a 24 fps. Qualquer mudança seria vista com ressalvas. Resta saber então se a moda vai pegar ou não.


Assista abaixo um vídeo que explica melhor o funcionamento da tecnologia Dolby® Atmos™.