Crítica – Chernobyl

Não deixa de ser curioso (e até original) que um filme resolva abordar a temática do desastre nuclear da usina
de Chernobyl de maneira fantástica, mostrando as possíveis consequências da
radiação liberada com o passar dos anos. E essa curiosidade é, na verdade, a
maior qualidade desse longa de estreia do diretor Bradley Parker, que conta
aqui com a colaboração de Oren Peli, criador do sucesso Atividade Paranormal.
Na trama, três amigos, viajando
pela Europa/Ásia, vão visitar o irmão de um deles em Kiev antes de completarem
seu passeio até Moscou. Chegando lá eles recebem o convite para fazer o chamado
“turismo radical” que consiste em visitar a pequena cidade de Pripyat,
abandonada décadas atrás devido ao desastre nuclear na vizinha Chernobyl.
Devido aos elevados graus de radiação, ninguém deve ficar mais de duas horas na
cidade, porém não demora muito para que eles percebam que as coisas não vão
sair conforme o planejado.
A premissa é até interessante, mas
o longa já derrapa logo de cara em atuações ruins e diálogos sem ritmo e
autoexplicativos, o que dificulta que o público se identifique com os
personagens (regra básica em qualquer filme de terror). Não só isso, mas o
roteiro, escrito por Peli em parceria com Carey Van Dyke e Shane Van Dyke,
ainda insere situações inverossímeis, como a cena em que o guia do passeio, o
único que conhece pelo menos um pouco da realidade do lugar, sai de dentro da
van no meio da noite para investigar estranhos ruídos vindos do lado de fora. E
mais, quando chega o momento de finalmente dar alguma explicação, as mesmas,
além de não fazerem muito sentido, são apresentadas de maneira acelerada e
pouco convincente (sem mais nem menos um personagem pergunta para o outro “me diga o que você sabe?”, como se essa
fosse uma suspeita que ele tinha o tempo todo, algo que o filme não mostra).
Utilizando um estilo quase documental,
com a câmera tremendo e cortes secos, Parker consegue criar um clima cru,
utilizando-se bem dos momentos de silêncio para causar tensão, algo auxiliado
pela fotografia sombria e o extenso uso de vultos e sombras. Entretanto, ele
acaba se mostrando bastante limitado nas cenas que exigem uma carga dramática
maior – como nas cenas de morte, onde o uso do silêncio (elogiado
anteriormente) se torna apelativo.

Rendendo alguns bons sustos,
Chernobyl entrega um resultado
apenas mediano, que dificilmente repetirá o sucesso de Atividade Paranormal. Sem grandes chances de se tornar uma franquia,
o longa pode ainda inviabilizar que outras produções similares sejam realizadas,
o que não deixa de ser um desperdício de potencial.



(Chernobyl Diaries – Terror – EUA – 86 min.)
Direção: Bradley Parker
Roteiro: Oren Pelil, Carey Van Dyke e Shane Van Dyke
Elenco: Jesse McCartney, Jonathan Sadowski, Olivia Dudley, Devin Kelley, Nathan Phillips, Jonathan Sadowski, Dimitri Diatchenko.


Nota:(Regular) por Daniel Medeiros