(Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2 – EUA/Reino Unido – 2011)
Direção: David Yates
Roteiro: Steve Kloves, baseado no livro de J.K. Rowling.
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Ralph Fiennes, Michael Gambon, Alan Rickman, Matthew Lewis, Evanna Lynch, Helena Bonham Carter, Bonnie Wright, Maggie Smith, Jim Broadbent, David Thewlis, Julie Walters, Mark Williams, James Phelps, Oliver Phelps, Natalia Tena, Emma Thompson, Jason Isaacs, Helen McCrory, Tom Felton, Warwick Davis, Domhnall Gleeson, Clémence Poésy, John Hurt, Geraldine Somerville, Adrian Rawlins, Robbie Coltrane, Gary Oldman, Chris Rankin, David Bradley, Kelly Macdonald, Ciarán Hinds, Hebe Beardsall, Devon Murray, Jassie Cave, Afshan Azad, Anna Shaffer, Georgina Leonidas, Freddie Stroma, Alfie Enoch, Katie Leung, Scarlett Byrne, Miriam Margolyes, Gemma Jones.
Todas as vezes que eu saía de uma sessão de Harry Potter uma enorme alegria tomava conta de mim. Não só pela qualidade do produto que acabara de assistir, mas pelo fato de que, com o tempo, eu passei a me sentir parte daquela série. Ficava feliz com cada vitória, triste com cada perda, e esperançoso com o que o futuro poderia me guardar. Digo isso porque, ao contrário de muitos, preferi não ler os livros antes de assistir aos filmes. Investi em meu desconhecimento a respeito da história, pois queria ser surpreendido na sala de cinema. E confesso que essa não foi uma tarefa tão fácil. Tive que evitar qualquer comentário que alguém fizesse a respeito do longa, não li nenhuma crítica, não vi nenhum trailer, foto ou pôster, nada. Queria saborear esse momento. Cada minuto dele. Cada frame. E assim o fiz. Porém, dessa vez, o resultado foi diferente.
Não saí da sala de cinema empolgado com o que tinha acabado de ver e, a princípio, não conseguia entender o motivo disso. Será que não havia gostado? Não estava a par das minhas expectativas? Era ruim? Não, não era isso. Era outra coisa. Era… saudade. A noção de que aquela saga, que tomou tanto tempo da minha vida, tinha finalmente chegado ao fim caía sobre mim como um mosaico de excitação e tristeza. Somente depois de um tempo pude clarear meus pensamentos e encarar um fato inegável: Harry Potter acabou. E não poderia ter acabado de uma forma melhor. Agora, com a cabeça mais fria depois de toda essa experiência, posso dizer com segurança que Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 é simplesmente excelente.
Partindo exatamente do ponto de onde a Parte 1 parou, após o enterro do elfo doméstico Dobby, Harry, Rony e Hermione agora buscam as 3 Horcruxes (objetos que contêm pedaços da alma do senhor das trevas) faltantes, além de tentar descobrir maneiras distintas de destruí-las. Nessa viagem, eles acabam voltando à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, agora sob o comando do misterioso Severo Snape. Paralelo a isso, o temível Voldemort descobre os planos de Potter e tenta, a todo custo, impedi-lo. Tem início então o confronto final entre os bruxos e o conseqüente encerramento da série.
Sabendo que essa despedida seria, por si só, um tanto emocionante, o diretor David Yates acerta ao não investir no melodrama (não tornando a situação mais “dramática” do que ela já é). A frieza de Yates pode não agradar a alguns, porém é inegável que tal decisão (acertada, na minha opinião) apenas mantém a linha do que havia sido mostrado até então. Estamos em guerra. Precisamos ser frios. Não podemos deixar que nossa emoção se torne uma fraqueza que possa ser aproveitada pelo inimigo. Sendo assim, ao mesmo tempo em que o cineasta não abusa de imagens de pessoas morrendo, ele também não investe em tiradas cômicas, como havia feito até então. Apesar de, em alguns momentos, os risos aparecerem (como quando Rony fala “Que falta de sorte”, após ver sua única esperança ser carbonizada, literalmente), e em outros as lágrimas correrem pelo rosto (como no emocionante e revelador flashback de Snape); todo o restante do filme mantém um clima sombrio e frio.
Clima esse auxiliado pelas mais uma vez excelentes, direção de fotografia e direção de arte (feitas por Eduardo Serra e Stuart Craig, respectivamente). Se de um lado temos corredores e florestas escuros e tenebrosos, além de uma paleta quase monocromática; de outro temos ambientes claustrofóbicos (a Sala Precisa) e pouco explorados até então (como o interior do banco de Gringotes). É uma pena que a péssima conversão para 3D estrague um pouco da apreciação – os óculos deixam a imagem mais escura – além de não trazer vantagem nenhuma para o espectador, já que o longa não foi planejado para esse formato; o resultado ainda é, assim como o restante dos filmes, espetacular.
Por mais que seja difícil dizer adeus para nossos tão queridos amigos, é bom saber que a despedida deles fez juz à sua saga. Harry Potter e as Relíquias Da Morte – Parte 2 é tudo aquilo que esperávamos dele. E se é com tristeza que me despeço dos meus amigos bruxos, ao mesmo tempo é com satisfação que digo que a jornada valeu a pena. Até, quem sabe, a próxima.
O Projeto 7 Marte gostaria de agradecer a Espaço Z, a Palavra Com e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa onde pudemos assistir ao filme.
Assista aqui o trailer.