(The Hangover Part II – 2011 – EUA)
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Todd Phillips, Scot Armstrong e Craig Mazin
Elenco: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong, Paul Giamatti, Jamie Chung, Mason Lee e Nick Cassavetes.
Um grupo de amigos se reúne para o casamento de um deles, porém depois de uma noite de bebedeira na despedida de solteiro, eles acordam sem lembrança nenhuma do que ocorreu, e percebem que um deles está desaparecido. Agora eles precisam entender o ocorreu na noite anterior, e encontrar o amigo sumido, tudo isso, em tempo de chegarem à cerimônia. Se a sinopse que você leu acima lembrou-lhe bastante de Se Beber, Não Case sucesso de 2009, isso não é mera coincidência. Utilizando a mesma base de roteiro, a esperada seqüência peca, principalmente, pela falta de originalidade.
Substituindo a Las Vegas de antes por uma surreal Bangcoc, a nova aventura reúne o grupo para o casamento do recatado Stu (Ed Helms). Sem recuperar-se completamente da experiência prévia, ele planeja um casamento sem grandes surpresas, com uma cerimônia simples na Tailândia, terra natal de sua futura esposa, e, principalmente, sem despedida de solteiro. É claro que nada sai como planejado, e, quando retomam a consciência, eles percebem que o jovem Teddy (Mason Lee), irmão da noiva, está desaparecido. Os amigos agora precisam encontrar o garoto, em uma cidade que absorve os desavisados, em meio a bares de striptease, templos budistas, macacos traficantes e muito mais.
Justificando a falta de criatividade do roteiro com frases do tipo “nós fizemos de novo”, o filme tenta se apoiar inteiramente nos protagonistas para sustentar-se. Tal estratégia acaba não funcionando muito bem, pois, além do timming dos atores não estar perfeito, eles não são mais novidade, o que faz com que certas piadas que antes eram criativas (o bebê se masturbando) acabem se tornando repetitivas (a ereção do monge). Ainda assim, seria injusto dizer que a continuação não é engraçada. Contando tanto com piadas verbais – como a história do urso albino – quanto com humor físico – a cena da stripper é impagável – a comédia consegue arrancar diversas risadas do espectador.
Porém, são os momentos em que o filme tenta ser levado a sério – algo que poderia ser visto como uma decisão corajosa e acertada – que acabam tornando o seu ritmo irregular. Mostrando o trio finalmente sofrendo as conseqüências de seus atos, e apresentando um vilão muito mais ameaçador do que o Mr. Chow (Ken Jeong) do primeiro capítulo, o longa torna-se, em certos momentos, “sério demais”. Se antes alguém perdia um dente, agora é um dedo; se antes eles escapavam de um tiroteio, agora eles levam tiros; se antes a trama era leve e descontraída, agora ela envolve tráfico de drogas e ocultação de cadáveres.
Ainda que fazer piadas com situações desconfortáveis seja uma das especialidades do diretor Todd Phillips, a impressão que fica aqui é ele se esforça demais para tentar ser engraçado, perdendo assim a espontaneidade e, em muitos casos, o senso de lógica. Afinal, apesar dos personagens terem evoluído desde sua experiência antecedente – já que o primeiro lugar onde procuraram por Teddy é no telhado –, fica difícil acreditar que eles cairiam nas mesmas situações, agindo da mesma maneira e chegando as mesmas conclusões. Isso sem falar que essa repetição de ações faz com que o público muitas vezes chegue a essas conclusões muito antes deles.
Confesso que talvez eu tenha estabelecido um padrão muito alto, o qual eu estava confiante que o novo Se Beber, Não Case iria facilmente atingir. Sendo assim, me decepcionei um pouco. Acredito que ele funcione melhor para quem, assim como foi o meu caso no primeiro longa, assista sem nenhuma pretensão. É divertido e esquecível. Nada mais do que isso. Mas também, nada menos.
O Projeto 7 Marte agradece a Espaço Z e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa aonde pudemos assistir a esse filme.
Para maiores informações sobre o filme, acesse o portal Confraria de Cinema.