JUSTIN BIEBER: NEVER SAY NEVER

(Idem – EUA – 2011)
Direção: Jon Chu
Elenco: Justin Bieber, Miley Cyrus, Ludacris, Jaden Smith, Usher Raymond, Snoop Dogg.
Quando escrevi sobre a adaptação de Zé Colméia para o cinema, terminei o texto falando que o filme serviria mais para o público infantil, do que para os pais que teriam que levar os filhos ao cinema, visto que o longa trazia atrativos somente para o seu publico alvo, descartando o restante dos espectadores. Sendo assim, guardadas as devidas proporções, Justin Bieber – Never Say Never acaba sendo um caso similar, porém com resultado inferior.

Para quem não conhece o garoto, o que eu acho difícil que aconteça, Justin Bieber é um jovem que começou a fazer sucesso na internet com vídeos postados no youtube. Alguns desses vídeos chegaram até um produtor musical, que passou a agenciar o garoto. Pouco tempo depois o jovem virou sensação mundial, conseguindo inclusive lotar o Madison Square Garden – apontado no filme como o ponto alto na carreira de qualquer músico. É a (curta) trajetória de Bieber até o Garden que assistimos em Never Say Never, filme que estréia essa sexta-feira no Brasil.

Intercalando depoimentos de amigos e familiares com partes do show no Garden, Never Say Never peca por não dar voz ao seu personagem principal, que constantemente é mostrado como uma criança – querendo brincar com a empilhadeira, ou levando uma bronca da avó por não arrumar o quarto – deixando que outras pessoas contem sua história. Se a proposta era do documentário era mostrar o lado humano do jovem ídolo – tendo que encarar as responsabilidades que a fama trás – sua imagem é afetada quando ele é mostrado mexendo a franja em câmera lenta ou falando tolices do tipo “Vou usar a jaqueta branca porque pareço maior com ela”.

Porém, o maior problema do filme, é o fato de ele não ser fiel ao seu público (algo que não foi o caso do já citado Zé Colméia). Afinal, para que fazer um documentário unicamente voltado para os fãs do rapaz – o que explica a extensa participação do público através de vídeos e tweets, além das declarações de amor das meninas que aguardam na fila do show – se tal documentário não traz nenhuma informação que esse público já não saiba? O fato de usar vídeos do youtube e mensagens do twitter, ao mesmo tempo que contextualiza a temática, revela a falta de material, e de assunto, do filme.

O próprio 3D se mostra uma estratégia de marketing, visto que o recurso só é usado nas cenas do show, porém o ingresso (mais caro) é cobrado pelo filme todo.

Ainda assim, Never Say Never deve agradar o publico alvo, visto que sua legião de fãs vai consumir qualquer coisa que leve o nome do garoto. As meninas vão sair do cinema dizendo que puderam ver o astro de perto, quando o mesmo esticava sua mão na direção da câmera (fazendo-o chegar mais próximo do público). E a participação de outros astros teens como Miley Cyrus, além de diversas outras celebridades, auxilia o sucesso do longa. O problema é que, como já era de se esperar, os pais vão sair da sala decepcionados… novamente.

Nota: (Razoável) por Daniel Medeiros

O Projeto 7 Marte agradece a Espaço Z e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa aonde pudemos assistir esse filme.