X-MEN: PRIMEIRA CLASSE

(X-Men: First Class – 2011 – EUA)
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Ashley Miller, Zack Stentz, Jane Goldman e Matthew Vaughn.
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Rose Byrne, Jennifer Lawrence, Oliver Platt, Zoë Kravitz, January Jones, Nicholas Hoult, Caleb Landry Jones, Edi Gathegi, Álex González e Jason Flemyng.

A franquia X-Men sempre se preocupou em abordar temas sérios e atuais, como o racismo, e em inserir complexos arcos de história – que não mostravam apenas um vilão tentando dominar o mundo – o que, quase sempre, trazia resultados excelente (excluindo-se dessa lista apenas o recente e horrível X-Men Origens: Wolverine). Sendo assim, fico feliz em dizer que X-Men: Primeira Classe não só mantém o alto nível mostrado pela série até agora, como é (na minha opinião) o melhor capítulo da saga.

Explorando novamente o ambiente dos campos de concentração mostrados no inicio do longa de Brian Singer, a história começa novamente com o jovem Erik Lehnsherr (Bill Milner) descobrindo os seus poderes enquanto enfrentava os horrores da 2ª Guerra Mundial, chamando a atenção de Sebastian Shaw (Kevin Bacon), um cientista nazista que é capaz das maiores barbáries para desenvolver os poderes do garoto. Ao mesmo tempo, o pequeno Charles Xavier (Laurence Belcher) vive isolado em sua mansão, escondendo da mãe ausente, e do resto do mundo, os seus poderes psíquicos. Sentindo-se isolado e solitário, Charles encontra em Raven (Morgan Lily) – uma criança capaz de mudar de formas – uma amizade e companheirismo que achou que nunca fosse encontrar.

Alguns anos mais tarde, na década de 1960, a agente da CIA Moira MacTaggert (Rose Byrne) segue uma pista que a leva a descobrir que Shaw está colocando em prática um perigoso plano, que pode conseqüências trágicas. É então que seu caminho se cruza com o professor Xavier (James McAvoy) – depois que este apresenta sua tese sobre a evolução humana e suas mutações – e com Erik (Michael Fassbender), um amargurado homem que busca vingar-se de todos os responsáveis por sua estadia no campo de concentração. A dupla, com o auxílio do governo, passa a localizar, recrutar e treinar a primeira classe de jovens superdotados, dando inicio ao que futuramente serão os X-Men.

Corajoso ao inserir uma trama política e com, relativamente, pouca ação, o roteiro (escrito por Ashley Miller, Zack Stentz, Jane Goldman e Matthew Vaughn), além de abordar novamente temas como o preconceito para com o desconhecido/diferente, coloca os mutantes em contato com eventos reais, como a guerra fria e a crise dos mísseis em Cuba, trazendo ainda mais autenticidade para a trama – algo auxiliado pelas imagens de arquivo utilizadas ao longo da projeção. Ainda assim, o quarteto de roteiristas peca em alguns (poucos) momentos, como no primeiro diálogo entre Xavier e Mística, que soa artificial; ou ao utilizar frases (clichês) de efeito como “God help us all”. Porém, tais equívocos acabam passando despercebidos quando comparados à qualidade do produto final.

Mais uma vez mostrando-se talentoso e criativo, o diretor Matthew Vaughn mantém impecável a sua curta, e promissora, carreira. Abandonando a extrema violência utilizada Kick-Ass – Quebrando Tudo, Vaughn consegue fazer um filme com censura 13 anos (algo que, provavelmente, foi imposição do estúdio, visando atingir um público maior) sem deixar que isso o limite na criação de seqüências angustiantes – como a cena da moeda. Além disso, o diretor ainda foi extremamente bem sucedido na escolha de seu elenco.

Contendo alguns nomes conhecidos, como o sempre competente Kevin Bacon, e outros em ascensão, como Jennifer Lawrence (indicada ao Oscar esse ano por Inverno da Alma) e Nicholas Hoult (da série inglesa Skins), o time de atores é liderado por um carismático James McAvoy, que faz de seu Xavier um jovem brilhante, e, ao mesmo tempo, um tanto quanto inconseqüente (algo diferente do que estamos acostumados a ver nesse personagem): Ele bebe, flerta, é vaidoso em relação ao seu cabelo, faz piadas, erra e é inexperiente o suficiente para pensar que é preciso colocar a mão no rosto – imitando um médium charlatão – para evocar o seu poder psíquico. Ainda assim, não há como negar que o grande destaque fica por conta do alemão Michael Fassbender. Conseguindo alternar-se entre um sujeito atormentado e movido pela vingança, com um líder nato, capaz de entender à frente dos acontecimentos, o ator atinge o feito de bater de frente com a marcante atuação de Sir Ian McKellen, como Magneto, na trilogia original. E isso não é pra qualquer um.

O filme ainda conta com uma ótima montagem, feita por Eddie Hamilton e Lee Smith (responsáveis por Kick-Ass e A Origem, respectivamente), que além de criar boas seqüências de ação, mostra-se dinâmica e divertida ao ilustrar, de maneira orgânica, a evolução de cada aluno durante seus treinamentos. Vale mencionar também que a caprichada direção de arte remete diretamente aos clássicos de ficção científica dos anos 1960 (e ao universo das histórias em quadrinhos), investindo em cenários com luzes piscantes, uniformes um tanto quanto bregas, além de uma belíssima sala de espelhos, onde acontece o clímax da história.

O primeiro X-Men foi responsável não só por alavancar as adaptações de quadrinhos para o cinema, mas também por mostrar que é possível fazer filmes de equipes, e não só de heróis solitários (Superman, Batman, Homem-Aranha…). Com a Marvel planejando o lançamento de Os Vingadores (longa que unirá o Homem de Ferro, Thor, Capitão América, Hulk e muitos outros) para o ano que vem, é bom que eles aprendam a seguir a linha das aventuras mutantes, ou então teremos mais um Quarteto Fantástico.

O Projeto 7 Marte gostaria de agradecer a EspaçoZ, a PalavraCom e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa, aonde pudemos assistir a esse filme.

Nota: (Excelente) por Daniel Medeiros

Para maiores informações sobre o filme, acesse o portal Confraria de Cinema.


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