Direção: James Wan
Roteiro: Leigh Whannell
Elenco: Patrick Wilson, Rose Byrne, Ty Simpkins, Andrew Astor, Barbara Hershey, Lin Shaye, Angus Sampson e Leigh Whannell.
Fazia tempo que eu não sabia o que significava ficar com medo dentro de uma sala de cinema. Depois de assistir à maioria dos filmes de terror lançados em circuito comercial, além de, é claro, os clássicos do gênero, você começa a perceber as artimanhas utilizadas pelos realizadores para aterrorizar o seu público. Sendo assim, é no mínimo empolgante ver um diretor e um roteirista que saibam brincar com os clichês, sejam criativos nas escolhas narrativas e, principalmente, sabem assustar.
James Wan já havia mostrado o seu talento para o mundo em seu primeiro longa-metragem solo: Jogos Mortais. Entretanto, ainda que mostrasse alguns momentos de brilhantismo, a primeira aventura de Jigsaw ainda enfrentava vários problemas de direção. Sendo assim, grande parte do seu sucesso deveu-se ao ótimo (ainda que, em muitos momentos, equivocado) roteiro – escrito por Leigh Whannell – que exibia uma boa trama, um grande apelo à violência e um final surpreendente, estabelecendo uma fórmula de sucesso – que rendeu várias continuações, infinitamente inferiores.
Nesse caso, porém, não é uma questão de sorte. É clara a evolução da dupla, que além de conseguirem tornar inesperado até mesmo os maiores clichês do gênero, como mostrar vultos em uma janela; ainda arriscam-se em outros estilo, com os quais não estão tão familiarizados. Deixando de lado o torture porn para investir no subgênero de casas mal-assombradas, os dois contaram com a ajuda de alguém que entende do assunto: Oren Peli, criador do sucesso Atividade Paranormal, que atua aqui como produtor.
Buscando preservar as várias surpresas que o filme guarda para o público, não vou entrar em detalhes quanto à história. Sendo assim, basta dizer que trata-se de uma família que mudou recentemente para uma nova casa, e começam a presenciar estranhos acontecimentos no local. Aconselho, inclusive, a não assistirem nem o trailer, visto que a prévia entrega alguns das melhores e mais assustadoras cenas – motivo pelo qual não o disponibilizei abaixo do texto, como normalmente faço.
Ainda assim, não posso deixar de mencionar o ótimo design de som feito por Robert Cross. Além de criar um clima de crescente tensão, Robert apresenta a casa como um ambiente sinistro, onde todas as portas, escadas e alarmes soam a um volume quase ensurdecedor. Além disso, a fotografia de David M. Brewer e John R. Leonetti abusa do maior e mais funcional clichê do terror: a escuridão. Em certo momento, vemos um personagem sozinho em um plano geral, onde a única luz do ambiente é proveniente de uma lamparina que ele segura.
Mesmo que tenha os seus defeitos – o terceiro ato pode dividir opiniões – não há como negar que Sobrenatural, acima de tudo, assusta. E assusta muito. Quem é fã de terror e, assim como eu, sabe o quanto é empolgante quando um filme traz a sensação de medo de volta a você. Segurar firme no braço da poltrona, pular, ou mesmo (como aconteceu com algumas pessoas que estavam na sessão que assisti) gritar de susto. Isso sim é terror de qualidade.
Para maiores informações sobre o filme, acesse o portal Confraria de Cinema.