ZÉ COLMÉIA – O FILME

(Yogi Bear – EUA – 2010)
Direção:
Eric Brevig
Roteiro: Jeffrey Ventimilia, Joshua Sternin, Brad Copeland
Elenco: Dan Aykroyd (voz), Justin Timberlake (voz), Anna Faris, Tom Cavanagh, T.J. Miller, Andrew Daly, Nathan Corddry.

Criado em 1958 por William Hanna e Joseph Barbera como coadjuvante de uma série animada intitulada The Huckleberry Hound Show, o personagem Zé Colméia não demorou muito para ganhar notoriedade e ter um programa só seu. Até hoje, as aventuras do urso falante e seu fiel escudeiro Catatau já renderem diversas séries, jogos e um longa metragem animado. Nessa sexta-feira Zé Colméia faz sua primeira aparição live-action no cinema.

Na trama, o Guarda Smith tenta salvar o parque Jellystone, que está prestes a completar o seu centenário, das mãos do ganancioso prefeito Brown que planeja desmatar o parque em busca de financiamento para a sua campanha para governador. Cabe então ao guarda, com a ajuda de uma bela documentarista amante da natureza, arrumar algum jeito de salvar o parque. É claro que Zé Colméia (considerado por ele mesmo como o urso mais inteligente de todos), sempre nas melhores das intenções, acaba atrapalhando tudo.

Fiel ao espírito do desenho animado, preservando as características clássicas do personagem principal como o seu sarcasmo e narcisismo, o roteiro – escrito pelo trio Jeffrey Ventimilia, Joshua Sternin (ambos de Sobrevivendo ao Natal) Brad Copeland (Motoqueiros Selvagens) – ainda toma liberdades criativas ao criar um interesse amoroso para o guarda Smith, além de mostrar o urso finalmente sofrendo as conseqüências pelos seus atos.

Apesar dessas mudanças, o texto se mostra pouco criativo, sendo raros os momentos que provocam risadas, e a maioria deles graças à presença de Catatau (que faz aqui o papel de coadjuvante que rouba a cena, algo similar ao que aconteceu com o gato de botas em Shrek). O pequeno urso – com a voz de Justin Timberlake – é responsável pelas melhores piadas do filme, deixando à Zé Colméia (Dan Aykroyd) alguns pequenos momentos engraçados, como a hilária cena da caixinha de sugestões. Todo o resto é um amontoado clichês e situações sem graça: afinal quem ainda se diverte ao ver alguém falar alguma coisa pessoal pra outra pessoa pra só depois perceber que esqueceu o microfone ligado? Ou mesmo quando vemos alguém se apoiar em um pilar sem perceber que isso fará toda a estrutura desabar?

Além da falta de originalidade, o texto peca pela falta concordância em situações simples, como é o caso da capa flamejante de Zé Colméia que não apaga mesmo depois que o urso é arrastado a água (?). O mesmo acontece com o parque Jellystone que, beirando à falência e sem receber visitas há muito tempo, consegue atrair uma multidão – depois de uma divulgação fraca – interessada em assistir fogos de artifício (??). Isso sem falar que a solução encontrada para salvar o parque também não é nada convincente.

Eric Brevig (Viagem ao Centro da Terra 3D) se mostra um diretor sem muita criatividade, seguindo a risca a cartilha de “regras” de uma direção convencional. Seus personagens são definidos já no momento em que entram cena, não causando nenhuma surpresa para o público. Desde seu primeiro momento em cena, o prefeito Brown (Andrew Daly), demonstra ganância e incapacidade de governar, vestindo assim a carapuça de vilão da história, algo auxiliado por suas falas carregadas de sarcasmo: “Me desculpe, eu me sinto péssimo. Apesar de parecer ótimo.” O mesmo acontece com o casal Smith (Tom Cavanagh) e Rachel (Anna Faris): basta uma cena juntos, com musica romântica ao fundo, para que todo o público saiba como vai terminar a história dos dois.

Assim como aconteceu em Garfield (outra adaptação que mistura computação gráfica e atores reais), o longa se perde pela falta de pretensão, sendo indicado somente para o público infantil, que talvez se divirta com os ursos fofinhos e personagens desastrados.


Nota: por Daniel Medeiros