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Terror

Os 7 filmes de terror mais aguardados para o segundo semestre de 2019

June 12, 2019 by Daniel Medeiros No Comments

O ano já está quase na metade, e até agora já tivemos alguns bons exemplares de filmes de terror. Foi o caso de Nós, do bizarro Velvet Buzzsaw, e de Cemitério Maldito, que, ao menos na minha opinião, mostrou-se uma boa adaptação da obra de Stephen King.

É claro que também tivemos vários filmes ruins ou medianos, como O Manicômio, A Sereia – Lago dos Mortos, A Morte Lhe Dá Parabéns 2 (que abandonou o terror para se tornar uma comédia de ficção científica), A Maldição da Chorona e Maligno.

Mas, ao que tudo indica, o melhor ainda está por vir. E foi pensando nisso que bolei esta lista com os sete filmes de terror mais aguardados para o segundo semestre de 2019.

A confecção desta lista levou em consideração os seguintes itens:

  • O quê? Nesse item, falaremos um pouco sobre o filme, detalhando a sinopse, a direção, os atores envolvidos, as informações técnicas, entre outras coisas.
  • Por quê? Aqui, detalharemos os motivos de este filme estar na nossa lista. Afinal, deve haver algum tipo de seleção, não é mesmo?
  • Quando? Esse é um ponto importante. Estamos levando em consideração apenas os filmes que já tem data de lançamento agendada para o circuito comercial brasileiro. Ou seja, se você espera ver aqui aquele filme que só chegará no Brasil por meio de torrent, vai se decepcionar.

Então, uma vez que já foram definidos os parâmetros para a nossa lista, fica mais fácil de saber os motivos pelos quais alguns filmes entraram e outros não. É chegada então a hora de conhecermos os filmes.

Mas antes um último recado, igualmente importante. E é em relação ao “por quê?” destacado acima. Esse “por quê?” pode incluir diferentes razões, que vão desde as possíveis qualidades dos filmes até um simples guilty pleasure.

Afinal, o título desta lista é: “os filmes mais aguardados”, e não necessariamente os “melhores filmes”. Os motivos por anteciparmos um filme podem variar.

Eu, por exemplo, quero muito ver o novo Brinquedo Assassino (que abrirá esta lista), embora toda a publicidade em cima dele aponte um possível desastre.

Ou seja, a lista não é sinônimo de qualidade, mas sim de curiosidade.

Por fim, é importante mencionar que a lista está separada por ordem de lançamento, com um lugar ao final para filmes ainda sem data determinada, mas que quase certamente serão lançados ainda este ano.

Dito isso, vamos então para a lista. Fique com a gente para se informar sobre os próximos lançamentos do gênero. Caso queira, esboce a sua própria lista. E se o fizer, não esqueça de deixá-la no campo de comentários abaixo.

OS 7 FILMES DE TERROR MAIS AGUARDADOS PARA O SEGUNDO SEMESTRE DE 2019

Annabelle 3: De Volta Para Casa

(O Quê?) Determinados a impedir que a boneca Annabelle crie ainda mais caos, os demonólogos Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) trazem a boneca possuída à sala de artefatos que fica trancada em sua casa, isolada em um local “seguro”, protegida por um vidro sagrado e com a benção de um padre. Porém, o que os espera é uma noite de horror, à medida que Annabelle desperta os espíritos malignos na sala, que voltam suas atenções a um novo alvo – a filha de 10 anos dos Warrens, Judy (McKenna Grace), e suas amigas.

(Por Quê?) As motivações aqui são parecidas com aquelas por trás de Brinquedo Assassino. Afinal, não há nenhum indício apontando para um futuro promissor nesse caso. Basta analisarmos os fatos: nenhum dos derivados de Invocação do Mal foram bons; os filmes mais recentes dessa franquia (A Freira e A Maldição da Chorona) foram os piores de todos; e o filme é comando por Gary Dauberman, que tem uma experiência irregular como roteirista, mas nunca dirigiu nada antes. Ainda assim, eu quero ver o filme. Nem que seja apenas para rever Patrick Wilson e Vera Farmiga nos papeis de Ed e Lorraine Warren.

(Quando?) Annabelle 3 – De Volta para Casa chega aos cinemas brasileiros dia 27 de junho, com distribuição da Warner.

Histórias assustadoras para contar no escuro

(O quê?) Baseado em um dos livros da saga escrita por Alvin Schwartz e ilustrada por Brett Helquist, o filme se passa em 1968, no tranquilo povoado de Mill Valley. Na trama, durante gerações, o legado sombrio da família Bellows cresceu enormemente. Sara Bellows, uma jovem que oculta horríveis segredos, transformou sua tortuosa vida em uma série de histórias macabras escritas em um livro, cuja particularidade é que as mesmas se tornam reais para um grupo de adolescentes que o encontram.

(Por quê?) O nome de Guillermo del Toro (A Forma da Água) na produção deste longa já pode chamar atenção, mas o que mais me empolga nessa produção é o fato de ela ser dirigida por André Øvredal. Responsável por A Autópsia, um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, Øvredal é extremamente criativo. E eu fico curioso em saber o que ele faria com um orçamento maior.

(Quando?) O filme tem lançamento agendado para 8 de agosto aqui no Brasil, com distribuição da Diamond Films.

Brinquedo Assassino

(O quê?) Reboot da franquia que a assustou a infância de muita gente, o filme acompanha Andy (Gabriel Bateman) que, no dia do seu aniversário, ganha de presente de sua mãe, Karen (Audrey Plaza), o boneco mais aguardado dos últimos tempos. Altamente tecnológico, ele pode se conectar a qualquer dispositivo inteligente da Kaslan, empresa responsável por sua fabricação. No entanto, quando crimes estranhos começam a acontecer, eles passam a suspeitar que o brinquedo pode não ser tão inofensivo quanto parece. A direção é de Lars Klevberg (Morte Instantânea)

(Por quê?) A maior curiosidade em relação a este filme se dá por causa da minha memória afetiva com a franquia Brinquedo Assassino. Lembro-me de ver o filme na TV quando era criança e ficar com medo de dormir sozinho depois. Não que eu ache que este filme vá trazer de volta esse sentimento (ainda que, se trouxesse, eu não reclamaria), mas ainda assim ele precisava constar aqui. Também estou curioso para ouvir a dublagem de que Mark Hamill fez para o boneco Chucky.

(Quando?) Brinquedo Assassino tem estreia marcada para 22 de agosto nos cinemas brasileiros, com distribuição da PlayArte.

Medo Profundo 2 – O Segundo Ataque

(O Quê?) Um grupo de quatro amigas viaja até a cidade de Recife, no nordeste brasileiro, para conhecer as ruínas de uma cidade submersa. No entanto, durante o passeio pelo fundo do mar, são atacadas por um grupo de tubarões famintos. O elenco é formado por Sistine Rose Stallone, Nia Long, John Corbett, Corinne Foxx, Brianne Tju e Sophie Nélisse.

(Por Quê?) Claustrofóbico e angustiantes, o primeiro Medo Profundo (47 Meters Down) é muito divertido. Esta continuação tem tudo para seguir pelo mesmo caminho, uma vez que reúne a mesma equipe criativa: o roteirista Ernest Riera e o diretor Johannes Roberts. Vale destacar também que desde que lançou o primeiro Medo Profundo, Johannes Roberts também dirigiu o ótimo Os Estranhos: Caçada Noturna. Ou seja, ele está vivendo um bom momento criativo. Tomara que continue assim.

(Quando?) Com distribuição da Paris Filmes, Medo Profundo 2 – O Segundo Ataque estreia marcada, a princípio, para 22 de agosto, mas essa data ainda pode mudar, visto que a divulgação do filme tem sido mínima até o momento.

It – Capítulo 2

(O Quê?) Continuação do sucesso It – A Coisa, que rendeu mais de US$ 700 milhões nas bilheterias mundiais, este novo capítulo vai mostrar os mesmos personagens do Clube dos Perdedores, agora adultos, retornando à cidade de Derry para enfrentar o palhaço Pennywise (Bill Skarsgård) uma última vez. O elenco é formado por James McAvoy no papel de Bill, Jessica Chastain como Beverly, Bill Hader como Richie, Isaiah Mustafa como Mike, Jay Ryan como Ben, James Ransone como Eddie, e Andy Bean como Stanley. A direção ficou mais uma vez à cargo de Andy Muschietti.

(Por quê?) Adorei o primeiro filme! Gostei muito do clima nostálgico que foi estabelecido ali. Gostei da interação dos personagens e do clima de tensão. Mas gostei, principalmente, de como buscaram se distanciar da minissérie estrelada por Tim Curry. Isso, para mim, foi o ponto alto. E a atuação de Bill Skarsgård teve um papel essencial nisso. Então agora quero ver como se dará a relação dele com o elenco adulto. Além do mais, estou finalmente finalizando a leitura do livro de Stephen King que inspirou os filmes. Então, minha percepção para este longa será um pouco diferente. Chegarei nele com mais bagagem do que no primeiro.

(Quando?) It – Capítulo 2 estreia em 5 de setembro nos cinemas brasileiros, com distribuição da Warner Bros.

Midsommar – O mal não espera a noite

(O Quê?) Na trama, Dani (Florence Pugh) e Christian (Jack Reynor) formam um jovem casal americano com um relacionamento prestes a desmoronar. Mas depois que uma tragédia familiar os mantém juntos, Dani, que está de luto, convida-se para se juntar a Christian e seus amigos em uma viagem para um festival de verão único em uma remota vila sueca. O que começa como férias despreocupadas de verão em uma terra de luz eterna toma um rumo sinistro quando os moradores do vilarejo convidam o grupo a participar de festividades que tornam o paraíso pastoral cada vez mais preocupante e visceralmente perturbador.

(Por quê?) Essa resposta é simples: Ari Aster. Responsável pelo excelente Hereditário, Aster é um nome que todos os fãs de terror precisam ficar de olho. Assim como Jordan Peele, qualquer coisa que ele fizer daqui para frente vai gerar curiosidade. E o fato deste filme ser produzido pela A24, mesmo estúdio responsável por Hereditário, também é um bom sinal.

(Quando?) Com distribuição da Paris Filmes, Midsommar – O mal não espera a noite chega aos cinemas brasileiros em 19 de setembro.

Morto Não Fala

(O Quê?) Stênio (Daniel de Oliveira) é plantonista noturno no necrotério de uma grande e violenta cidade. Em suas madrugadas de trabalho, ele nunca está só, pois possui um dom paranormal de comunicação com os mortos. Mas, quando as confidências que ouve do além revelam segredos de sua própria vida, Stênio desencadeia uma maldição que traz perigo e morte para perto de si e de sua família.

(Por Quê?) O motivo é simples: Dennison Ramalho. E se você não sabe quem é Dennisson Ramalho, está na hora de saber. Ele é responsável por dois dos melhores curtas-metragens brasileiros de terror dos últimos anos: Amor Só de Mãe e Ninjas. Ele também foi roteirista de Encarnação do Demônio (dirigido por Zé do Caixão), participou da antologia The ABCs of Death 2 e da série Supermax. Morto Não Fala é o seu primeiro longa-metragem.

(Quando?) O filme estreia dia 19 de setembro nos cinemas brasileiros, com distribuição da Pagu Filmes.

Predadores Assassinos

(O Quê?) Quando um enorme furacão atinge sua cidade natal na Flórida, Haley (Kaya Scodelario) ignora as ordens das autoridades para deixar a cidade e vai em busca de seu pai desaparecido (Barry Pepper). Ao encontrá-lo gravemente ferido, os dois ficam presos na inundação. Enquanto o tempo passa, Haley e seu pai descobrem que o aumento do nível da água é o menor dos seus problemas.

(Por quê?) Assim como o recente Águas Rasas, este parece ser um filme que abraça o absurdo da situação, sem se preocupar com a verossimilhança (ao menos eu espero que seja esse o caso). Afinal, é um longa sobre um crocodilo dentro de uma casa. Precisa de mais alguma coisa? A produção fica por conta de Sam Raimi (do clássico A Morte do Demônio) e a direção é de Alexandre Aja, que já comandou alguns ótimos filmes, como Alta Tensão e Viagem Maldita, e outros péssimos, como Amaldiçoado. Espero que este seja um dos bons. Curiosamente, este não é o único terror aquático nessa lista.

(Quando?) Predadores Assassinos chega aos cinemas brasileiros em 26 de setembro, distribuído pela Paramount Pictures.

Doutor Sono

(O Quê?) Doutor Sono é nada menos do que a continuação de O Iluminado, escrita pelo próprio Stephen King. A trama se passa vários anos após os eventos mostrados no primeiro livro e acompanha Dan Torrence (Ewan McGregor), que se tornou um adulto alcoólatra e traumatizado. Mas quando ele conhece uma jovem com poderes similares ao seu. Ele passa, então, a protegê-la de um culto que caça pessoas como eles. O elenco ainda conta com Rebecca Ferguson, Bruce Greenwood e Jacob Tremblay.

(Por quê?) Dois motivos muitos simples: Stephen King e Mike Flanagan. O primeiro já é conhecido de todo mundo, mas o segundo está ganhando uma merecida notoriedade. Ele é a pessoa responsável pela série A Maldição na Residência Hill. Antes disso, porém, ele já tinha dirigido ótimos filmes de terror como O Espelho, Hush: A Morte Ouve, O Sono da Morte e Ouija: Origem do Mal. E mais, esta será a segunda adaptação de um livro de King que ele comanda. A primeira foi o excelente Jogo Perigoso. Ou seja, não tem como Doutor Sono não constar nessa lista.

(Quando?) A princípio o filme estava marcado para estrear apenas em 2020, mas a Warner resolveu adiantar para o final o dia 7 de novembro.

Menções honrosas

Toda lista é injusta, uma vez que deixa muita coisa de fora. Pensando nisso, resolvi fazer algumas menções honrosas. São elas:

  • Bacurau: Mistura de western, drama e ficção científica com toques de terror, Bacurau o novo trabalho do cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho, que co-dirigiu o filme com Juliano Dornelles. O longa ficou de fora dessa lista porque não sei dizer se é mesmo um filme de terror ou se apenas flerta com o gênero tangencialmente.
  • Zumbilândia 2: Gosto muito do primeiro filme e estou bastante curioso em relação a esta continuação. Mas acredito que entrará mais na seara da comédia do que do terror. E por isso ficou de fora da lista.
  • Wounds: Um dos filmes que mais quero ver esse ano, Wounds é o novo trabalho de Babak Anvari (Sob a Sombra). Trata-se de uma obra que foi bastante elogiada por onde passou. O filme foi adquirido pela Netflix, mas ainda não tem previsão de estreia. É por isso, e somente por isso, que não constou na lista principal.
  • The Lighthouse: Outro dos meus filmes mais aguardados para 2019, The Lighthouse é dirigido por Robert Eggers, mesmo diretor do excelente A Bruxa. O filme foi exibido no Festival de Cannes, de onde saiu premiado pela crítica. Não tem data de estreia.
  • Them That Follow: Produção indie que fala sobre extremismo religioso, Them That Follow é dirigido pelos novatos Britt Poulton e Dan Madison Savage. Foi exibido em alguns festivais e recebeu alguns bons elogios. Me deixou curioso. Ainda não há previsão de estreia.
  • The Nightingale: Novo trabalho da cineasta Jennifer Kent (The Babadook), The Nightingale foi elogiado em todos os festivais por onde passou. Infelizmente ainda não há previsão de estreia por aqui, mas tomara que não demore.
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Críticas, Destaque

Crítica | Novo Cemitério Maldito usa diferenças para manter o peso do livro de Stephen King

May 24, 2019 by Daniel Medeiros No Comments

O autor Stephen King conta que ao finalizar a escrita de seu nono livro, ficou horrorizado com o resultado. Ele queria se desfazer da obra, por ser pesada demais. Foi sua esposa, a também escritora Tabitha King, quem o convenceu do contrário.

Tabitha concordou com a afirmação do marido de que o livro era pesado demais, mas acrescentou enalteceu suas qualidades, convencendo o marido a publicá-lo (a situação financeira ajudou um pouco na decisão).

Assim nasceu Cemitério Maldito, até hoje considerada um dos trabalhos mais perturbadoras do autor. O livro já ganhou uma versão para o cinema, em 1989, dirigida por Mary Lambert. Embora seja bastante problemática e datado, o filme de Lambert consegue ser fiel ao material original, diferente deste novo longa.

Dirigida pela dupla Kevin Kölsch e Dennis Widmyer (da série Pânico), esta adaptação de Cemitério Maldito apresenta mudanças significativas em relação ao livro, mas mantém boa parte desse peso que, a princípio, assustou o autor.

O roteiro – escrito por Matt Greenberg (1408) e Jeff Buhler (Maligno) – acompanha a família Creed, originária de Boston. Eles se mudam para a pacata cidade de Ludlow, no estado americano do Maine, em busca de uma vida mais tranquila.

O patriarca, Louis (Jason Clarke), aceitou um emprego em uma escola local como forma de se afastar da violência cotidiana da sala de emergência do hospital onde trabalhava. Sua esposa Rachel (Amy Seimetz) também ficou feliz com a mudança e com a possibilidade de criar os dois filhos, Ellie (Jeté Laurence) e Gage (Hugo e Lucas Lavoie), em um lugar mais tranquilo.

Mas tranquilidade é logo abalada. No primeiro dia na casa nova Ellie se depara com uma situação estranha: um grupo de crianças faz uma procissão para enterrar um animal morto. Seguindo as crianças, ela descobre um antigo cemitério de animais atrás da sua casa.

O cemitério tem uma delimitação bem marcada. Uma alta parede formada pelas raízes de uma árvore aponta os limites que não devem ser ultrapassados. Pois o cemitério não é a única coisa estranha na região. Existe algo maior, mais poderoso, localizado um pouco adiante. E os poderes desse local se expandem até a casa da família.

Sendo um homem das ciências, o Dr. Creed é também um homem da razão. Ele acredita no que é possível comprovar cientificamente. Acredita no que é palpável, analisável e comprovável. Enquanto sua esposa apresenta um olhar mais esperançoso em relação à morte, o protagonista tem uma visão mais pragmática.  

Porém, suas crenças são colocadas à prova. Quando o gato da família morre atropelado, o vizinho Jud (John Lithgow) leva Louis até outro cemitério, o verdadeiro cemitério, um lugar capaz de trazer os mortos de volta à vida.

Nesse momento, é possível perceber como o personagem saiu da sua realidade, uma realidade formada por feridas e corpos abertos, para adentrar o reino do terror. É aí que se vê a assinatura visual da dupla de realizadores.

Kevin Kölsch e Dennis Widmyer ganharam notoriedade entre os amantes de terror após o lançamento do excelente longa indie Starry Eyes (2014). O filme apresentava um relato sobrenatural e metalinguístico a respeito da indústria cinematográfica.

E embora a metalinguagem não seja explorada aqui, é possível reconhecer, em determinadas cenas como a da visita ao cemitério, um aceno dos diretores aos fãs do terror. Com uma tempestade ao fundo e coberto por uma densa névoa, o tal cemitério parece ter saído de um horror gótico.

Os cineastas também brincam com o conhecimento do público em relação ao material original (e ao filme de 1989), criando situações que remetem diretamente a isso – como quando Jud teme que embaixo da cama vá ataca-lo.

Mas tais digressões metalinguísticas nunca tiram o foco dos personagens, especialmente da jornada do protagonista. Mesmo em contato com algo além da sua compreensão, o médico ainda enxerga aquela situação de maneira muito mais racional do que emocional.

Assim, após experienciar um trauma familiar, ele busca apenas uma solução, sem pensar nas consequências. Creed não faz questionamentos. Sua crença não o permite. Na sua cabeça, pouca coisa separa um corpo morto de um corpo vivo. Um respira e o outro não. Um se mexe, o outro não.

Como a ciência falha a fornecer as respostas, o filme as procura em outro lugar: na religião. Louis se nega a reconhecer que há algo de diferente nos corpos à sua frente, cabendo a sua esposa levantar o questionando sobre o que falta àqueles que voltam dos mortos.

Tais questionamentos só não são mais bem explorados porque existe um protagonismo exagerado e centralizado na figura do médico. Compreendemos as motivações por trás das suas atitudes, pois o acompanhamos a todo momento.

Mas sua esposa, cuja jornada se apresentava igualmente importante e cujo ponto de vista contrário é essência para a dicotomia do filme, é deixada de lado. Não existe uma conclusão para a história de Rachel e sua irmã, tornando gratuita toda a subtrama acerca do seu trauma. Isso passa a ser apenas uma desculpa para causar alguns – bons – sustos na primeira hora de projeção.

Porém, se essa falta de desenvolvimento da personagem é um defeito, o mesmo não pode ser dito em relação à principal mudança feita pelos roteiristas: aquela envolvendo a tragédia familiar.

Essa mudança – quem conhece a história sabe qual é – pode parecer gratuita, mas não é. Ela abre diferentes possibilidades de interpretação a respeito do filme. Perde-se a imagem icônica da criança zumbi, mas abre-se a possibilidade de falar sobre a incapacidade dos pais de compreenderem as mudanças pelas quais seus filhos passam.

Da mesma maneira, o final é muito corajoso. Ao contrário da maioria das produções comerciais do gênero, o longa é contundente e impactante, e não tem medo de entregar seus personagens à escuridão. Mesmo se distanciando do livro, Cemitério Maldito tenta manter a essência da obra original. E esta característica de uma boa adaptação.

FICHA TÉCNICA:
Título original: Pet Sematary
Gênero: Terror
País de origem: EUA
Ano de lançamento: 2019
Direção: Kevin Kölsch e Dennis Widmyer
Roteiro: Jeff Buhler e Matt Greenberg
Elenco: Jason Clarke, Amy Seimetz, John Lithgow, Jeté Laurence, Hugo Lavoie, Lucas Lavoie, Obssa Ahmed, Alyssa Brooke Levine, Maria Herrera.

Assista ao trailer legendado de Cemitério Maldito:

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Críticas, Destaque

Crítica | A Maldição da Chorona desrespeita a cultura na qual se baseia em nome do entretenimento

May 9, 2019 by Daniel Medeiros No Comments
Chorona aparecem em meio às folhagens

A Chorona é uma personagem folclórica muito importante para a cultura mexicana. Sua história foi contada oralmente através dos séculos e sofreu diversas alterações com o passar dos anos, ganhando diferentes versões.

Uma dessas versões fala de uma mulher do século XVII, casada, mãe de dois filhos e aparentemente feliz. Porém, ao descobrir a traição do marido e tomada por um acesso de raiva, ela resolve se vingar da pior maneira possível: matando os filhos deles.

Após realizar seu ato de vingança, ela se arrepende e é condenada a passar o resto da eternidade chorando. Segundo a lenda, seu choro pode ser escutado até hoje, especialmente em noites de lua cheia.

Linda Cardellini e Sean Patrick Thomas em A Maldição da Chorona

Embora leve em conta o mesmo nome da lenda, o longa-metragem A Maldição da Chorona é desrespeitoso em relação àquele folclore, utilizando-o apenas como pano de fundo para criar um novo subproduto da franquia Invocação do Mal.

Escrito por Mikki Daughtry e Tobias Iaconis (ambos de A Cinco Passos de Você), o filme tem início no ano de 1673, quando vemos uma mulher mexicana afogando seus dois filhos. Depois disso, a trama dá um salto temporal arbitrário de 300 anos, e passa a se ambientar na década de 1970, na Califórnia.

Passamos, então, a acompanhar a rotina de Anna Tate-Garcia (Linda Cartellini), uma assistente social viúva que precisa batalhar para conseguir cuidar do casal de filhos.

Ao investigar um dos seus casos – o de uma mulher de origem mexicana cujos filhos não frequentavam a escola – ela se depara com uma situação bizarra: a mãe estava escondida dentro do apartamento e mantinha as crianças presas no armário.

Linda Cardellini em A Maldição da Chorona

Ignorando as suplicas da mulher, Anna os liberta. Mas aparente tortura infantil era, na verdade, um ritual de proteção. Ao libertar as crianças, a protagonista também libertou o mal que os afligia. E não demora para a entidade fantasmagórica direcionar o seu olhar para Anna e sua família.

Essa centralidade da trama em torno de uma família americana é um problema moral e cultural de A Maldição da Chorona. A lenda é mexicana, mas o protagonismo estadunidense. Nem mesmo o nome do diretor (americano) Michael Chaves no comando do longa disfarça a visão estrangeira que impera nessa produção.

Nada disso, porém, é novidade. E o problema não reside necessariamente neste protagonismo, mas no seu contraponto. Coadjuvantes na sua própria história, os personagens latinos são retratados como versões estereotipadas de uma cultura reduzida a penduricalhos espalhados pela casa e um conhecimento inerentes do oculto.

O pior é perceber como os mexicanos são progressivamente eliminados da narrativa (como é o caso do marido de Anna, cujo sobrenome “Garcia” o condena a um destino trágico antes mesmo do início da projeção) ou são vistos como vilões, como os causadores do mal (vide a personagem de Patricia Velasquez).

Patricia Velasquez em A Maldição da Chorona

Donald Trump ficaria satisfeito com esse filme, pois parece comprovar a sua teoria a respeito dos “perigos da imigração”.

Estruturalmente, o roteiro também é falho. Não existe qualquer explicação para a maldição estar presente naquele contexto. Não sabemos por que ela estava ameaçando a família mexicana e desconhecemos o real motivo que a levou a mãe a trancar seus filhos no armário.

Além do mais, algumas das escolhas dos roteiristas são mal desenvolvidas e abandonadas em seguida. Em certo momento, por exemplo, é dito que a filha pequena de Anna está sob o feitiço da Chorona e é obrigada a seguir os comandos dela.

Isso parece ser esquecido já na cena seguinte, e não é explorado mais, nem quando a Chorona se beneficiaria dessa ajuda incondicional (em vez de ficar procurando pela menina, ela poderia fazê-la vir ao seu encontro).

A Maldição da Chorona

Ainda assim, nada se compara ao momento em que a menina ignora uma instrução clara que visa a sua proteção – e de toda a sua família – para “salvar” a sua boneca que, por sinal, não corria perigo algum.

A necessidade de conectar esse filme com o universo de Invocação do Mal também se mostra problemática. Inexplorada pela divulgação do longa, essa revelação causa mais estranhamento do que surpresa.

A tal ligação com o universo criado por James Wan é feita por meio de um personagem, o padre Perez (Tony Amendola), visto em Annabelle, e em uma cena de flashback, na qual vemos a tal boneca demoníaca. E só.

A inutilidade dessa revelação é tamanha que o próprio padre Perez se afasta da narrativa logo em seguida, e não faz falta.

Padre Perez de Annabelle em cena de A Maldição da Chorona

A aproximação entre A Maldição da Chorona e Invocação do Mal se dá mais na vontade de Chaves em imitar o estilo de Wan. Isso é perceptível, por exemplo, no plano-sequência que apresenta a família Garcia. Porém, falta ao discípulo a sutileza do mestre de priorizar a tensão, em detrimento do susto.

Este é um diferencial do trabalho de James Wan em Invocação do Mal. Embora ele sempre opte pelo susto, este vem como uma catarse, um alívio, uma forma de avisar o espectador que o perigo passou, ao menos momentaneamente.

Chaves faz o oposto. Incapaz de manter a tensão por muito tempo, ele apela para os sustos fáceis. Com isso, até acerta em alguns jump scares criativos (como aquele envolvendo um guarda-chuvas), mas o excesso acaba por banaliza-los. Ficamos anestesiados depois de um tempo.

Raymond Cruz em A Maldição da Chorona

Tecnicamente, o filme também tem problemas. A intenção do diretor de fotografia Michael Burgess (do vindouro Annabelle 3: De Volta Para Casa) é mergulhar os seus personagens na escuridão, mas ele pesa a mão na sua escolha, prejudicando o nosso compreensão do que está acontecendo na imagem – que, em muitos casos, se resume a um borrão escuro.

Apesar de todos os problemas, A Maldição da Chorona foi bem-sucedido em todos as suas aspirações. O longa teve um rendimento alto nas bilheterias e deu a Chaves o cargo de diretor em Invocação do Mal 3, com lançamento agendado para 2020.

Mas se os derivados declinam de qualidade (e este aqui só comprova isso), a franquia original é o oposto, melhorando a cada novo filme. Chaves tem um desafio e tanto pela frente. Tomara que ele aprenda com os seus erros.

A Maldição da Chorona

Pôster do filme A Maldição da Chorona

FICHA TÉCNICA:
Título original: The Curse of La Llorona
Gênero: Terror
País de origem: EUA
Ano de produção: 2019
Direção: Michael Chaves
Roteiro: Mikki Daughtry e Tobias Iaconis
Elenco: Linda Cardellini, Roman Christou, Jaynee-Lynne Kinchen, Raymond Cruz, Marisol Ramirez, Patricia Velasquez, Sean Patrick Thomas, Tony Amendola, Irene Keng.

Perfil do diretor: Michael Chaves

Michael Chaves começou a sua carreira em 2009, ao dirigir e editar o curta-metragem Worst Date Ever. No ano seguinte, ele dirigiu outro curta, Regen, para o qual também escreveu o roteiro, foi responsável pelos efeitos especiais e pela montagem.

Michael ChavesQuatro anos depois, Chaves dirigiu outro curta, Make Note of Every Sound. Em 2015, ele criou a minissérie Chase Champion, e foi responsável pelo roteiro e direção dos seus 11 episódios. Em 2016, escreveu e dirigiu o curta The Maiden, premiado no Festival de Shriekfest.

Em 2019, ele comandou mais um curta, Billie Eilish: Bury a Friend. Sua estreia como diretor de longas-metragens aconteceu com A Maldição da Chorona.

Atualmente, Chaves trabalha na pré-produção do terror The Conjuring 3, próximo filme da franquia Invocação do Mal.

Curiosidades sobre A Maldição da Chorona

  • O filme faz parte do universo da franquia Invocação do Mal. Essa conexão é feita pela presença do personagem do Padre Perez, visto anteriormente no filme Annabelle (2014). Há também uma cena de flashback na qual é possível ver a boneca Annabelle.
  • Os demais filmes desse universo são Invocação do Mal (2013), Annabelle (2014), Invocação do Mal 2 (2016), Annabelle 2 – A Criação do Mal (2017) e A Freira (2018). Projetos futuros incluem Annabelle 3: De Volta para Casa (a ser lançado ainda em 2019), Invocação do Mal 3 (com previsão de lançamento para 2020), além de A Freira 2 e The Crooked Man, ambos ainda sem data de lançamento.
  • Essa não é a primeira vez que a Chorona aparece no cinema. Ela já apareceu em dezenas de produções, entre curtas e longas-metragens, além de participações em séries de TV (como no seriado Chaves). Sua primeira aparição no cinema foi no filme La Llorona, de 1933.
  • Além do que é mostrado no filme, existem diferentes versões para a história da Chorona. Alguns relatos falam de uma mulher de origem indígena que matou os três filhos após o pai das crianças, um cavaleiro espanhol, se recusar a casar-se com ela. Em outra versão, ela perdeu o filho após deixa-lo dormindo à beira do rio. Em todos os casos, porém, sua história é envolta em tragédias.

Assista ao trailer legendado de A Maldição da Chorona:

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Quem escreve

image Daniel Medeiros é membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e pesquisador sobre o cinema de terror. Graduado em Cinema e Vídeo e mestre em Ciências da Linguagem. Atualmente cursa o doutorado, tendo como objeto de pesquisa o cinema de terror contemporâneo.

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