O comediante Sacha Baron Cohen ganhou fama
ao criticar abertamente o american way of
life e fazer piada com a paranoia americana em relação ao estrangeiro,
principalmente após o 11/09. Misturando realidade e ficção, o seu Borat foi um sucesso estrondoso, o que
impossibilitou que o formato fosse repetido (algo visível em Bruno, seu trabalho posterior). É chegada então a hora de abandonar o estilo documental e se entregar de vez à
ficção. E é nessa mudança que reside o maior defeito de O Ditador, novo longa da parceria entre Cohen e o diretor Larry
Charles.
ao criticar abertamente o american way of
life e fazer piada com a paranoia americana em relação ao estrangeiro,
principalmente após o 11/09. Misturando realidade e ficção, o seu Borat foi um sucesso estrondoso, o que
impossibilitou que o formato fosse repetido (algo visível em Bruno, seu trabalho posterior). É chegada então a hora de abandonar o estilo documental e se entregar de vez à
ficção. E é nessa mudança que reside o maior defeito de O Ditador, novo longa da parceria entre Cohen e o diretor Larry
Charles.
O estilo de humor do cineasta sempre foi
bastante exagerado, beirando até ao mal gosto em alguns momentos; porém a
interação com as “pessoas comuns” acabava gerando um riso desconfortável – como
na cena em que Borat corre atrás do seu produtor completamente nu ou Bruno
declarando seu amor a outro homem em meio a um evento de luta livre. Tira-se esse
elemento “realista” da narrativa e o que sobra é a temática/crítica social
característica da dupla, porém perdida em meio a um roteiro bastante irregular que tenta a todo custo – e quase nunca consegue – arrancar risadas do
espectador.
bastante exagerado, beirando até ao mal gosto em alguns momentos; porém a
interação com as “pessoas comuns” acabava gerando um riso desconfortável – como
na cena em que Borat corre atrás do seu produtor completamente nu ou Bruno
declarando seu amor a outro homem em meio a um evento de luta livre. Tira-se esse
elemento “realista” da narrativa e o que sobra é a temática/crítica social
característica da dupla, porém perdida em meio a um roteiro bastante irregular que tenta a todo custo – e quase nunca consegue – arrancar risadas do
espectador.
A trama mostra um ditador de um pequeno
país do oriente médio dono de uma enorme reserva de petróleo que, após iniciar
a construção de armas de destruição em massa, é visto como uma ameaça pelo
restante do mundo. Quando é convocado a visitar a ONU e assinar uma declaração
de paz, o Almirante-General Aladeen é sequestrado e substituído por um dublê,
como parte de um plano ganancioso de seu assistente Tamir (Ben Kingsley) para
transformar o país em uma democracia. Perdido em Nova York, ele conhece a jovem
ativista Zoey (Anna Farris) e vê nela a oportunidade de impedir os planos de
Tamir e retomar o poder.
país do oriente médio dono de uma enorme reserva de petróleo que, após iniciar
a construção de armas de destruição em massa, é visto como uma ameaça pelo
restante do mundo. Quando é convocado a visitar a ONU e assinar uma declaração
de paz, o Almirante-General Aladeen é sequestrado e substituído por um dublê,
como parte de um plano ganancioso de seu assistente Tamir (Ben Kingsley) para
transformar o país em uma democracia. Perdido em Nova York, ele conhece a jovem
ativista Zoey (Anna Farris) e vê nela a oportunidade de impedir os planos de
Tamir e retomar o poder.
Estruturado na forma de esquetes, o roteiro,
escrito pelo próprio ator em parceria com Alec Berg, David Mandel e Jeff
Schaffer (trio responsável pela comédia Eurotrip),
sofreu pelo acúmulo de escritores – algo notável pela falta de ritmo e de
conexão entre as cenas. Sendo assim, o que se vê na tela é um amontoado de sequências
(passeio de helicóptero, roubo da barba, cena sexo, cena de masturbação etc.) que
não se relacionam umas com as outras e não acrescentam nada à história.
Seria injusto dizer,
porém, que essas sequências (ou esquetes) não têm graça nenhuma. Afinal, as
cenas de Aladeen trabalhando e o diálogo sobre os menudo boys são hilários; assim como o discurso que aponta as
diferenças entre ditadura e democracia, que é simplesmente brilhante. Além
disso, Cohen continua com seu humor característico, capaz dizer os maiores
absurdos e manter a seriedade – como quando expressa sua opinião sobre mulheres
com diploma universitário: “É como ver
macacos de patins. Não serve pra nada, mas nos entretém”. Mas nem os seus (poucos)
bons momentos conseguem impedir que o resultado final seja mais próximo de Bruno do que de Borat, o que é uma pena.
escrito pelo próprio ator em parceria com Alec Berg, David Mandel e Jeff
Schaffer (trio responsável pela comédia Eurotrip),
sofreu pelo acúmulo de escritores – algo notável pela falta de ritmo e de
conexão entre as cenas. Sendo assim, o que se vê na tela é um amontoado de sequências
(passeio de helicóptero, roubo da barba, cena sexo, cena de masturbação etc.) que
não se relacionam umas com as outras e não acrescentam nada à história.
Seria injusto dizer,
porém, que essas sequências (ou esquetes) não têm graça nenhuma. Afinal, as
cenas de Aladeen trabalhando e o diálogo sobre os menudo boys são hilários; assim como o discurso que aponta as
diferenças entre ditadura e democracia, que é simplesmente brilhante. Além
disso, Cohen continua com seu humor característico, capaz dizer os maiores
absurdos e manter a seriedade – como quando expressa sua opinião sobre mulheres
com diploma universitário: “É como ver
macacos de patins. Não serve pra nada, mas nos entretém”. Mas nem os seus (poucos)
bons momentos conseguem impedir que o resultado final seja mais próximo de Bruno do que de Borat, o que é uma pena.
(The Dictator – Comédia – EUA – 83 min.)
Direção: Larry Charles
Roteiro: Sacha Baron Cohen, Alec Berg, David Mandel e Jeff Schaffer
Elenco: Sacha Baron Cohen, Anna Farris, Ben Kingsley, Megan Fox.