O CARTEIRO

(idem – Brasil – 2011)

Direção: Reginaldo Faria
Roteiro: Reginaldo Faria
Elenco: Carlos André Faria, Felipe de Paula, Marcelo Faria, Anselmo Vasconcellos, Zé Victor Castiel, Ana Carolina Machado, Fernanda Carvalho Leite, Daniely Stenzel, Ingra Liberato, André Adler, Bruno Faria, Marcos Suhre, Marcos Barreto, Joca Martins, Ohana Homem, Nadya Mendes, Naiara Harry.

Sempre que pretendo escrever sobre algum filme em específico, levo ao cinema um caderninho de bolso e uma caneta para que, durante a projeção, eu possa fazer pequenas anotações sobre os pontos que mais me chamaram a atenção, positiva ou negativamente, e, posteriormente, tais anotações ditem o rumo que meu texto deve seguir. Na minha crítica de O Carteiro – novo longa de Reginaldo Faria, que assisti no 39º Festival de Cinema de Gramado –, pela primeira vez, não farei isso.

Desisti do meu formato clássico de escrita por um único motivo: ao revisar meu caderno de anotações, encontrei páginas e páginas apenas com defeitos e críticas negativas. Se resolvesse passar tudo isso a limpo, vocês teriam um texto enorme falando mal do filme. Visando poupar os meus leitores dessa árdua tarefa, resolvi mudar um pouco o formato da escrita, ainda que isso não vá alterar em nada o conteúdo dela.

Quando paro para pensar, não consigo decidir o que gostei menos do longa. Se foram os personagens que falam sozinhos – estratégia barata utilizada por roteiristas sem talento –; ou as péssimas atuações – o protagonista Carlos André Faria consegue competir de frente com Nicolas Cage no quesito overacting – ; ou se foi a péssima direção de Reginaldo Faria – que cria um clímax interminável e inconcebível até mesmo para um diretor iniciante (o que não é o seu caso).

Ainda assim, não consigo abandonar os velhos vícios e exemplificar os defeitos listados. Sendo assim, segue uma análise um pouco mais detalhada dos defeitos apontados:

1 – roteiro: além de mostrar as pessoas falando em voz alta enquanto lêem ou escrevem cartas, o texto, também escrito pelo cineasta, chega a absurdos como mostrar Victor, o carteiro do título, dançando com um cabide para exemplificar que o garoto está apaixonado. Além disso, Faria ainda cria situações inverossímeis que são empurradas garganta abaixo no público: qualquer um que já tenha tido um relacionamento sabe que é difícil acreditar que a bela Marli (Ana Carolina Machado) ficaria meses esperando notícias por cartas do namorado, sendo que há um telefone ao seu lado;

2 – elenco: todos, todos mesmo (sem exceção), estão ruins. Não existe uma atuação que se salve. Mas o grande destaque negativo ainda fica para Carlos André. Dentre seus “melhores momentos” temos: a sua fúria – quando que ele grita e gira de braços abertos –; seu romantismo – subindo na mesa da sala de aula para ler um poema –; e sua decadência – quando passa a ser visto sempre com uma bebida na mão. É só reparar no sobrenome do garoto para perceber os motivos que o levaram a ser escalado como protagonista.

3 – direção: além de criar tudo o que foi descrito acima, Faria é tão caricatual em sua concepção que acaba apelando para tentativas frustradas de criar humor físico. A impressão que fica é que ninguém naquela cidade aprendeu a andar direito, já que o tempo todo é mostrado alguém tropeçando, escorregando ou caindo.

Acredite, tem muito mais de onde isso veio. Porém, em respeito àqueles que querem assistir ao longa e àqueles que simplesmente gostam de uma crítica melhor estruturada, resolvi apenas focar-me nos três pontos principais e parar por aqui. Para quem sentiu falta da trama detalhada, basta dizer que trata-se de um carteiro que gosta de ler a correspondência dos outros e acaba se apaixonando por uma nova moradora da região, o que leva-o à interferir na comunicação entre ela e o namorado.


Quem ainda ficou com vontade assistir o filme, fica aqui o meu mais sincero desejo: boa sorte.

Nota:(Ruim) por Daniel Medeiros


Leia mais sobre o 39º Festival de Cinema de Gramado aqui.