(Unknown – 2011 – EUA)
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Oliver Butcher e Stephen Cornwell
Elenco: Liam Neeson, Diane Kruger, January Jones, Aidan Quinn, Bruno Ganz, Frank Langella.
Uma pessoa comum passa a vivenciar uma situação absurda quando ninguém acredita que ele é quem diz ser, ou mesmo ninguém se lembra da sua existência. Ele agora precisa descobrir a conspiração por trás desse mistério, provando sua inocência (ou, nesse caso, sua identidade) e tentar voltar a sua antiga e feliz vida. Fazendo uso de uma trama batida (sinopses similares podem ser vistas em Os Esquecidos ou Vidas em jogo) Desconhecido – filme que entra em cartaz esse final de semana no cinemas brasileiros – peca exatamente por não investir no mistério que a história disponibiliza, transformando assim uma boa idéia em um amontoado de cenas de ação.
A pessoa nesse caso é o Dr Martin Harris (Liam Neeson) que, viajando para Berlin onde vai participar de uma convenção de Biotecnologia, acaba se envolvendo em um acidente de carro quando retornava ao aeroporto para buscar uma maleta que havia esquecido, enquanto sua esposa (January Jones) o aguardava no hotel. Depois de passar 4 dias em coma, e sem muitas lembranças de sua vida, Martin parte em busca de sua esposa, quando (e aí entra a situação estranha) percebe que a mesma não o reconhece, e está acompanhada de outra pessoa que diz ser o Dr Martin Harris.
Existe aí um infinito de situações que o roteiro, escrito pelos pouco expressivos Oliver Butcher e Stephen Cornwell, poderia escolher investir: uma trama de mistério, de suspense, ou mesmo um drama psicológico mostrando alguém possivelmente sofrendo de um distúrbio esquizofrênico. Sendo assim, é uma pena que, ao invés de explorar melhor o universo misterioso que paira sobre o personagem principal, o texto faça questão de explicar-se rapidamente (sendo capaz de introduzir personagens, apenas para “mastigar” melhor as respostas), visando assim sobrar mais tempo para as cenas de ação.
Com algumas situações que beiram ao absurdo – como o site do congresso que contém um vídeo mostrando uma tentativa de assassinato resultando em um ataque suicida, onde é possível ver uma pessoa explodindo; ou um vilão que é capaz de escorregar pela escada de incêndio, em meio a uma temperatura ambiente inferior a zero, sem luvas e sair de lá sem um corte ou queimadura nas mãos – a dupla de escritores se perde completamente no terceiro ato, procurando soluções fáceis e convenientes (como a morte de um dos vilões) e outras bizarras (a maneira como o personagem principal recupera sua memória), culminando com uma necessidade absurda de querer fazer um final feliz, fazendo com que certos personagens aparentemente ignorem tudo o que vivenciaram.
Sabendo do texto capenga que tinha em mãos, o diretor Jaume Collet-Serra – do bom A Órfã – faz o que pode, criando seqüências de ação bem feitas, como a perseguição de carros, e empregando criatividade em poucos momentos: reparem como a imagem é levemente distorcida nas cenas em que Liam Neeson tenta lembrar-se de alguma coisa ou quando o mesmo está confuso, fazendo assim com que a imagem retrate o desorientamento do personagem. Um recurso clichê, mas ainda assim, utilizado da maneira correta. Ao contrário do resto do filme.
O Projeto 7 Marte agradece a Espaço Z e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa onde pudemos assistir a esse filme.